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A DESPEDIDA DE MARTA DA COPA DO MUNDO E AS NOVAS CONQUISTAS DO FUTEBOL FEMININO


No último dia 2, após uma partida decepcionante contra a Jamaica que resultou na eliminação do Brasil da Copa do Mundo Feminina de 2023, a jogadora Marta anunciou que esse foi seu último ano no torneio, encerrando assim sua longa trajetória no Mundial. A craque vestiu a camisa do Brasil em seis edições da Copa, mas nunca trouxe o troféu para casa.


A primeira vez que Marta participou do campeonato foi em 2003, nos Estados Unidos, jogando também na China (2007), na Alemanha (2011), no Canadá (2015), na França (2019) e, esse ano, na Austrália.


Considerada a maior artilheira da história da seleção brasileira, com um total de 122 gols, a atleta detém o recorde de maior número de gols (17) em Copa do Mundo. Contudo, sua carreira de destaque e seu reconhecido talento nunca foram o suficiente para levar o Brasil à vitória do torneio na divisão feminina, tendo o desfecho mais decepcionante até então na última semana.


“Difícil falar nesse momento. Nem nos meus piores pesadelos essa era a Copa”, declarou Marta à TV Globo, logo após a disputa contra a Jamaica. A saída do Brasil representou o pior resultado em toda a memória do país na competição, que concluiu sua curta jornada em décimo oitavo lugar ainda na fase de grupos.


Entretanto, a futebolista expressou um tom positivo em relação ao futuro da seleção: “A única velha aqui sou eu. A maioria são meninas de talento e com um caminho enorme pela frente. [..] Para mim é o fim da linha agora, para elas é só o começo”.


Além disso, incentivou o povo brasileiro para que mantenham o entusiasmo e continuem apoiando o futebol feminino, pois “as coisas não acontecem de um dia para o outro”. Ainda, refletiu sobre o aumento da influência dos jogos como entretenimento e o impacto positivo disso no esporte, afirmando que, atualmente, o futebol feminino é um produto que produz lucro e que fornece divertimento e satisfação ao expectador.


Ademais, a expansão da Copa Feminina para 32 países — comparado aos 24 da edição de 2019 — igualou o número de participantes com o da divisão masculina. Apesar da decisão ter causado grande ceticismo quatro anos atrás, a aparição de times novatos, já derrotando veteranos, abriu espaço para discussão.


A insatisfação era motivada, em parte, pela apreensão de que um “gap” (ou um “intervalo”) entre o nível de diferentes seleções se tornasse ainda mais evidente. Porém, a chance real de entrar na disputa deu aos países que nunca jogaram no campeonato uma oportunidade de se mostrar no esporte diante de um público global.


Assim sendo, em sua primeira aparição no Mundial, a África do Sul, a Jamaica e o Marrocos, desafiando todas as probabilidades, avançaram para as eliminatórias, superando países como o Brasil, a Argentina e a Alemanha.


Portanto, é inegável o impacto dos esforços para tornar o futebol feminino cada vez menos segmentado, ampliando os valores de igualdade e diversidade de maneira a garantir esperança para o futuro do esporte. Hoje, Marta é embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres e é porta-voz na discussão da desigualdade de gênero. Apesar de sua frustrada despedida da Copa do Mundo, a atleta permanece como atacante do Orlando Pride, nos Estados Unidos, e seu destino na seleção para competir nas Olimpíadas de Paris em 2024 ainda não foi revelado.


Autoria: Gabrielle Park

Revisão: Anna Cecília Serrano e Laura Freitas

Capa: Alex Pantling - FIFA / FIFA via Getty Images

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REFERÊNCIAS:

[1]: PANJA, Tariq. Brazil may have exited quietly, but Marta did not. The New York Times, Nova Iorque, agosto de 2023. Disponível em: https://www.nytimes.com/live/2023/08/03/sports/womens-world-cup-scores/brazil-may-have-exited-quietly-but-marta-did-not?smid=url-share

[2]: SMITH, Rory. The Gaps Get Smaller as the World Cup Gets Larger. Expanding the Women’s World Cup was a good idea. Just not for the reasons FIFA thinks. The New York Times, Nova Iorque, julho de 2023. Disponível em: https://www.nytimes.com/2023/07/30/sports/soccer/womens-world-cup-parity.html

[3]: CANDAL, Ludmila. Copa do Mundo Feminina: posição final do Brasil é a pior da história em Mundiais adultos. CNN Brasil, São Paulo, agosto de 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/esportes/copa-do-mundo-feminina-posicao-final-do-brasil-e-a-pior-da-historia-em-mundiais-adultos/

[4]: ALVES, Camila. Marta dá adeus à Copa do Mundo como Rainha e maior artilheira da história. Globo Esporte, Rio de Janeiro, agosto de 2023. Disponível em: https://ge.globo.com/futebol/copa-do-mundo-feminina/noticia/2023/08/02/marta-da-adeus-a-copa-do-mundo-como-rainha-e-maior-artilheira-da-historia.ghtml

[5]: ESPN. Marta voltará à seleção brasileira após decepção na Copa do Mundo? Craque responde. ESPN, São Paulo, agosto de 2023. Disponível em: https://www.espn.com.br/futebol/copa-do-mundo/artigo/_/id/12387488/marta-voltara-a-selecao-brasileira-apos-decepcao-copa-do-mundo-craque-responde

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