Nossa redatora, Isabella Grimaldi, discute a importância de uma mente saudável para a convivência em sociedade e o bem estar do corpo humano.
A mente deveria ser o instrumento de maior segurança do homem. Afinal de contas, é ela o verdadeiro símbolo da racionalização.
Por muito tempo ela foi, de fato, o ponto de estabilidade de todos, mas parece que, atualmente, a mente é a pior inimiga dos homens. Isso porque ela controla absolutamente tudo, não só que acontece dentro da gente, mas também como os fatores externos e os outros vão refletir e afetar o nosso eu. É ela a responsável por declarar como o emocional reagirá diante de determinado acontecimento e quais impactos físicos essa reação provocará no corpo. A mente, portanto, tem o completo domínio do emocional e este, por sua vez, controla o físico e isso converte-se em um ciclo vicioso sem fim e por conta disso, o indivíduo é transformado em um escravo de seu próprio eu psicológico, o que é bastante louco. É louco porque ninguém deveria ser escravo de si mesmo. Ora, cada um deveria fazer o que quer e o que não quer. Mas, iniciado o tal ciclo vicioso infinito, ninguém é dono de ninguém, nem de si mesmo.
As pessoas ficam incomodadas com a perda do controle sobre si mesmas. E não perdem a razão de ficarem. Ninguém gosta de se deixar levar pelas vontades e medos dos outros. O problema é que as vontades e os medos não são dos outros! São delas mesmas e nesse caso o incômodo é maior ainda, porque não faz sentido nenhum ser dominado por sentimentos e ambições que são seus. É difícil perceber - e aceitar - que o fenômeno está acontecendo mesmo. Difícil porque, cada vez mais, na modernidade, a mente está em descompasso com os valores e ideologias que o indivíduo pensa ter dentro de si. Toda essa dificuldade de aceitação gera uma obsessão... Uma obsessão interna, obsessão de entender o que está acontecendo e o porquê de estar sentindo tudo aquilo, todos aqueles sentimentos melancólicos. A obsessão voltada a si mesmo, responsável pela erosão dos outros, erosão de todas as outras pessoas. A erosão aqui é no sentido de falta de interesse, desprezo, já que, com a obsessão do eu, nada mais importa além do eu mesmo.
Essa erosão já é um problema por si só, porque não tem convivência sem interesse, o que gera isolamento. Mas, o principal dilema por trás disso tudo é a frustração contínua que vai acabar tomando conta da vida da pessoa que perdeu o interesse pelo outro. É uma frustração dia após dia consigo mesmo, em razão do fato de que a pessoa não troca experiências com os outros, o que não abre espaço para a diversidade. Esse inferno dentro de si mesmo é o cenário perfeito para o desenvolvimento de doenças psicológicas.
Depressão, ansiedade, síndrome do pânico, transtorno de bipolaridade, distúrbios alimentares... Toda e qualquer doença da mente é imensuravelmente perigosa considerando que a pessoa perde a vontade de fazer qualquer coisa porque ela está cansada. E não está cansada de viver, mas está cansada de si mesma. Uma exaustão das próprias paranoias e dos próprios pensamentos, dos próprios fracassos inexplicáveis e do próprio modo como seu emocional responde à situações pequenas. Ou seja, está cansada da própria mente.
A verdade é que estamos na era da depressão. O que precisamos é desacelerar. Num período em que as possibilidades são incontáveis, a gente se vê tão confuso que não enxerga possibilidade alguma. Precisamos limpar os olhos dos problemas que a nossa própria mente cria. Precisamos pôr um fim na auto sabotagem. Aí sim as pessoas falarão de ansiedade e depressão sem crise. Aí sim, os outros voltarão a ser suficiente e a mente nos dará segurança.
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