No início de janeiro, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão de crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO).
Ainda que crianças e adolescentes representem, até novembro de 2021, 0,5% das mortes por Covid-19, a quantidade de óbitos causados pelo coronavírus é maior do que a taxa de mortalidade de qualquer outra doença imunoprevenível [1].
Inicialmente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou apenas a aplicação da vacina Comirnaty, da Pfizer, para crianças de 5 a 11 anos. Mas, no dia 20 de janeiro, a Coronavac, do Instituto Butantã, antes liberada apenas para maiores de 18 anos, foi aprovada para a população de 6 a 17 anos também, com exceção dos imunossuprimidos [2]. O intervalo entre primeira e segunda dose para crianças imunizadas com a Pfizer será de 56 dias (8 semanas) e para a Coronavac é de 28 dias.
Até o momento, a imunização infantil não é obrigatória. Entretanto, especialistas enfatizam a importância da vacinação de crianças:
“As crianças não vacinadas estão expostas ao vírus, com riscos de complicações e, consequentemente, hospitalização ou morte. [...] É importante considerarmos as complicações da infecção pelo coronavírus nessa faixa etária, como o risco de síndrome inflamatória multissistêmica e o elevado número de hospitalizações", diz Kelvia Borges, coordenadora da Célula de Imunização da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) [3].
A imunização de mais um grupo etário irá tornar possível a redução da transmissão do vírus e da probabilidade de que surjam novas variantes do coronavírus.
Um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado ontem (18/02), indica que 59% dos municípios brasileiros estão enfrentando relutância por parte da população em relação à vacinação infantil [4].
Muitos pais e responsáveis estão preocupados quanto aos efeitos colaterais e riscos que a vacina pode oferecer à criança. Notícias falsas e tendenciosas atrasam o PNO e aumentam o receio da população. Os quadros de miocardite — inflamação no músculo cardíaco — associados à vacinação contra a Covid-19, por exemplo, estão sendo utilizados como um argumento contra a vacinação infantil por grupos negacionistas e antivacina, mas apenas 0,007% dos imunizados apresentaram um quadro similar ao da doença [1].
Quanto aos efeitos colaterais da imunização nas crianças, são os mesmo apresentados por grupos de outras faixas etárias, de intensidade leve ou moderada e com duração de poucos dias:
Dor no local da aplicação;
Náusea;
Fadiga;
Dor de cabeça;
Dores musculares;
Febre.
A decisão vai ao encontro das de outros países, como Alemanha, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, França, Estados Unidos, Israel e Itália. Nos EUA, mais de 8,7 milhões de doses já foram aplicadas nessa faixa etária e nenhuma morte foi registrada desde o início da campanha, em 3 de novembro [5].
“O público das nossas crianças, que são o futuro do nosso país, merece uma ênfase especial. Nossa decisão está em absoluta sintonia com outros países que também têm um Sistema Universal de Saúde”, afirma Marcelo Queiroga, Ministro da Saúde do Brasil [6].
A expectativa do Ministério da Saúde é de que todas crianças entre 5 e 11 anos tenham tomado a primeira dose da vacina até o fim de março de 2022 [7].
Entretanto, uma sondagem realizada pelo Globonews aponta que, até o dia 7 de fevereiro, apenas 18,8% das crianças brasileiras de 5 e 11 anos haviam recebido a primeira dose da vacina contra o coronavírus [8]. Os estados com maior percentual de vacinação infantil até a data da pesquisa eram: São Paulo (com 48%), Distrito Federal (30%) e Rio Grande do Norte (22,6%). Os com menores taxas eram: Paraíba (1,8%), Pará (1,9%) e Mato Grosso (2%).
Alguns estados afirmam que os percentuais reais de vacinação são mais elevados [8]. Contudo, em razão da dificuldade de acesso ao sistema do Ministério da Saúde e da falta de profissionais para realizar os registros, os dados estão subnotificados.
Revisão: Beatriz Nassar e Bruna Ballestero
Capa: Governo de SP
FONTES:
[1]: Vacinação de crianças é segura e colabora para o controle da pandemia, dizem especialistas | Jornal O Globo
[2]: Anvisa autoriza uso da Coronavac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos | CNN Brasil
[3]: Por que é tão importante vacinar crianças contra a Covid-19 | Secretaria da Saúde
[4]: Moradores de 59% das cidades têm resistência à vacinação infantil | Metrópoles
[5]: Por que vacinar crianças contra a covid-19 é seguro | Exame
[6]: Ministério da Saúde inclui crianças de 5 a 11 anos na campanha de vacinação contra a Covid-19 | Governo Federal
[7]: Saúde prevê finalizar vacinação infantil com a primeira dose até o final de março | CNN Brasil
[8]: Menos de 20% das crianças de 5 a 11 anos no Brasil se vacinaram contra a Covid-19 | Coronavírus | G1
Commenti