Desde o início de 2020, medidas severas de distanciamento social foram estabelecidas com o intuito de desacelerar a disseminação do coronavírus, além de evitar uma sobrecarga do sistema de saúde dos países. Diversas foram as consequências dessa pandemia que atingiu a humanidade em escala global. Milhares são os números de contaminados pela doença, ultrapassando 25 milhões de casos pelo mundo, além de mais de 800 mil mortes. Além disso, contempla-se altas taxas de desemprego, variando entre os países, no qual os Estados Unidos se destacam com o maior número de desempregados. Nesse cenário, o colapso da atividade econômica no mundo nunca foi antes vivenciado, de tal maneira, na história da modernidade.
O Produto Interno Bruto (PIB) corresponde a um dos principais indicadores para medir a atividade econômica de uma nação. Este representa o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos por um país em um determinado período. Além disso, este pode ser medido por diferentes óticas- demanda, produção e renda- todas elas resultando nos mesmos números.
A ótica da demanda é dada pela soma dos componentes do consumo, gastos do governo, investimentos e exportação, além da subtração das importações. Em relação à ótica da produção, contempla-se como a soma do valor adicionado de todas as unidades produtoras da economia. Por fim, a ótica da renda é composta pela soma de salários, juros, aluguéis e lucros da economia.
Diversos foram os países que registram uma atividade econômica decrescente no segundo trimestre deste ano. Dentre eles, destacam-se os Estados Unidos com uma queda de 9,1% no Produto Interno Bruto em relação ao trimestre anterior, além do Reino Unido, onde a queda chegou a 20,4% em relação ao período anterior. A China e a Índia foram os únicos países dentre 48, os quais viram seu PIB crescer 11,5% e 0,7%, respectivamente, nesse trimestre.
No Brasil, a queda da atividade econômica foi histórica. Com um tombo de 9,7% no segundo trimestre comparado ao período anterior, o país entra em recessão técnica, a qual configura dois trimestres consecutivos de encolhimento dos níveis de atividade. A retração contemplada atualmente é a maior já observada na série histórica do PIB, a qual se iniciou em 1996.
Diferentemente das recessões anteriores já vividas no Brasil, a que contempla-se nos dias atuais se difere não só pela intensidade, mas também pelo fato de ser uma crise sanitária global. Nesse contexto, medidas de contenção da doença são tidas como necessárias, como o isolamento social, agregando novas variáveis a análise da situação econômica. No Brasil, a situação é agravada, já que o país não havia se recuperado plenamente da última recessão de 2014-2016.
Sob a ótica da demanda, registra-se uma queda no consumo de 12,5%, maior do que a esperada pelos analistas de 9,8%. Acredita-se que o auxílio emergencial concedido pelo governo foi essencial para que essa queda não fosse ainda maior, uma vez que contribuiu para a liquidez da economia. Além disso, os gastos do governo assinalaram uma queda de 8,8% no segundo trimestre. Quanto aos investimentos e as importações, tem-se uma variação negativa de 15,4% e 13,2% em relação ao trimestre anterior, respectivamente. Por fim, as exportações registraram um aumento de 1,8%, sendo vista por muitos como relacionada com as commodities e produtos alimentícios que possuem safra durante o segundo trimestre.
Sob a ótica da oferta, setores mais sensíveis às medidas de distanciamento social registraram maiores quedas. Os serviços, componente com maior peso no PIB por tal ótica, caiu 9,7%. Além disso, o setor industrial registrou a queda mais intensa da série histórica de 12,3%. Diferentemente dos setores até então apresentados, a agropecuária apresentou variação positiva de 0,4%. Como já mencionado, acredita-se que tal valor é resultado da safra de alguns produtos serem relevantes durante o segundo trimestre.
Quanto às expectativas futuras, diversos agentes econômicos realizaram suas previsões. O governo prevê um recuo de 4,7% no PIB em 2020, enquanto o mercado estima uma queda de 5,28%. Importantes instituições financeiras não ficaram de fora das análises. O Citi reduziu sua estimativa de -6% para -6,5% o valor do PIB deste ano. Goldman Sachs também revisou seus números, esperando uma retração maior do que a anterior, de 5% para 5,4%. Porém, economistas da J.P. Morgan se mostram mais otimistas, revisando sua antiga estimativa de uma queda de 6,2% para uma expectativa mais positiva de uma retração de 5,2%.
Referências:
Texto revisado por: Yara Miranda
Foto da capa: Yasmin Ayumi
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