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LULA NO CAMINHO CERTO: A NECESSÁRIA POLÍTICA EXTERNA INDEPENDENTE



Em um cenário internacional marcado cada vez mais pela polarização entre o bloco comandado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, de um lado, e pelo chinês, de outro, surge o questionamento acerca de como o Brasil deve se situar diante desse antagonismo. Há um desafio para o nosso país, tendo em vista a necessidade de se projetar de maneira assertiva acerca do acirramento das tensões econômicas e políticas entre os polos antagonistas. Como se posicionar nesse cenário e moldar o melhor caminho para o país? É necessário fortalecer a independência da política externa brasileira. Lula e Celso Amorim têm acertado, até então, ao buscar ampliar as relações do país com os dois blocos. A política externa deve se basear no interesse nacional e na diversificação de parceiros, portanto, ideologias não devem ser consideradas ao se estabelecer acordos e projetos de cooperação mútua entre Estados. O Brasil possui diversas oportunidades para fortificar seu desenvolvimento se relacionando com os dois polos: O acordo Mercosul-União Europeia e o fortalecimento dos BRICS são exemplos de uma política independente que pode propiciar o desenvolvimento do país. Dessa forma, exponho neste texto um argumento a favor de negociações com ambos os blocos, de forma que o interesse nacional esteja acima de qualquer posição ideológica.


O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia é um importante passo para o desenvolvimento brasileiro. Com a assinatura do tratado, o imposto de importação de quase 90% dos bens comercializados entre os dois blocos será eliminado, o que representa uma oportunidade única para que a população brasileira tenha acesso a bens mais tecnológicos e baratos. Além disso, é importante destacar que as empresas nacionais terão maior acesso ao mercado europeu, tornando-se mais competitivas no cenário internacional. O acesso a investimentos externos trará maior competitividade à indústria nacional por conta do mais fácil acesso a insumos de produção que o acordo trará.


Outro ponto importante a ser desenvolvido é o impacto que a eleição de Javier Milei na Argentina trará a esse acordo comercial. Deixando as ideologias de lado, deve-se aproveitar a eleição do ultraliberal para intensificar as tratativas com a União Europeia, já que, como elencado pela futura chanceler argentina, Diana Mondino, a Argentina tem o interesse de assinar o tratado da forma mais rápida possível e que, segundo ela, o acordo representa uma mudança importante para o Mercosul. Assim, deve-se aproveitar o cenário positivo para acelerar a assinatura do acordo, que trará ao Brasil um caminho para seu desenvolvimento comercial e industrial. O governo brasileiro age de maneira correta ao defender a reforma do Mercosul, já que este, defasado, apresenta uma rigidez impressionante nas negociações internacionais e uma clara falta de grandes parceiros comerciais. Em conjunto com o presidente uruguaio, Lacalle Pou, Lula defendeu uma reforma que ampliasse a parceria do bloco com a China, que gerasse acordos de cooperação econômica e tecnológica, o que ampliaria o acesso do Brasil a bens e insumos de produção chineses. O presidente brasileiro acerta em cheio ao argumentar que “é preciso combater o protecionismo no mundo”. A partir desse gancho, entro no segundo ponto do texto: a ampliação dos negócios com os BRICS.


Esse bloco se traduz como uma aliança entre países emergentes para fortalecer a projeção dos seus membros e atua como um contraponto às posições dos países desenvolvidos. O presidente brasileiro acerta ao intensificar a cooperação do país com esse grupo, já que o “bloco” representa para o Brasil uma oportunidade de aumentar a diversificação econômica, a cooperação em investimentos e ampliar o intercâmbio científico e tecnológico. Para se ter noção da importância dos BRICS, os países do bloco correspondem a 36% do PIB global e quase metade da população mundial, dessa maneira, a possibilidade de estabelecer acordos comerciais com os membros do grupo significa abrir as portas para diversas oportunidades para intensificar o desenvolvimento do país. 


Cito dois caminhos que o Brasil pode tomar por meio de sua relação com os membros dessa aliança: aderir à Nova Rota da Seda e intensificar sua relação com o Banco dos Brics. A adesão ao projeto chinês pode significar ao Brasil a possibilidade de alavancar sua infraestrutura ferroviária, o que levaria a um aprimoramento da eficiência logística do país, que se relaciona diretamente com o exposto anteriormente, já que isto pode significar uma maior competitividade da indústria nacional no exterior. Argumento isso tendo como base os atuais elevados custos de transporte no país, que poderiam ser reduzidos caso a malha ferroviária brasileira fosse desenvolvida. Além disso, a maior integração do país com o Banco dos BRICS pode ampliar a independência financeira do Brasil, haja vista que, como consequência de participar ativamente do banco, o país diversifica suas fontes de financiamento e reduz sua dependência de instituições financeiras tradicionais. Dessa forma, fica fácil enxergar que os BRICS, assim como a União Europeia, podem ser utilizados por Lula como instrumento capaz de aumentar a projeção internacional do Brasil e promover seu desenvolvimento.


Para concluir o texto, fica claro que os dois polos antagonistas da política global são importantes para o Brasil, devido ao extenso número de possibilidades de acordos que podem ser firmados e que contribuiriam para o desenvolvimento nacional. Assim, concluo que a política externa independente, até agora adotada pelo presidente Lula, é a melhor opção para que o Brasil consiga aumentar sua projeção internacional e se expandir economicamente. Caprichos ideológicos não ajudam o país, tendo em vista que a política externa deve pôr os interesses nacionais acima das ideologias e opiniões pessoais. Os exemplos de cooperação, seja com a União Europeia, seja com os BRICS, demonstram esse caminho de oportunidades que não podem ser desperdiçadas pelo nosso país, tendo em vista nossa necessidade de mitigar as desigualdades internas e aumentar nossa renda. Dessa forma, acordos comerciais com os dois blocos podem ser fundamentais para o progresso do Brasil, sendo então possível concluir que a diversificação de parceiros é fundamental para que atinjamos nosso objetivo final de desenvolvimento.


Referências:


Autoria: Bernardo Lessa

Revisão: Laura Freitas e Luiza Parisi

Imagem de Capa: Foto por Ricardo Stuckert


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