“Não deixe o Shoks morrer!
Não deixe o Shoks acabar!
O Shoks foi feito de Caipirona…
De Caipirona para nos alegrar!”
Não são novas as reclamações do alunato gvniano acerca da ausência de espaços de integração nos prédios que compõem a Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Porém, uma alteração nos últimos meses na Rua Doutor Plínio Barreto tem impactado ainda mais essa questão: a derrocada do Shokito’s Mineiro.
Também chamado de “Shoks”, o bar se tornou um ponto tradicional de encontro entre os gvnianos, especialmente após a saída do curso de Direito da Rua Rocha. Apenas neste ano, o Shoks já tinha sido palco de inúmeros eventos de sucesso, como o “Quintal”, a “ShokitAPA” e a “Arquibarcada”.
Esta última, inclusive, foi promovida pela bateria e pela torcida da FGV e ficou marcada como o último grande evento do alunato celebrado no Shokito’s. Naquela época, em agosto, já se alegava que o bar estava em vias de falir e, por isso, seria necessário um encontro para melhorar a arrecadação do estabelecimento.
Três meses mais tarde, contudo, o Shoks não parece ter se reerguido. Pelo contrário, cada dia se torna mais distante dos alunos da Fundação Getulio Vargas, que migraram seus pontos de encontro para outras localidades. Mas, por quê?
Para entender melhor o que aconteceu com o bar mais presente na vida universitária do gvniano, a Gazeta Vargas conversou com duas bixetes de Direito, uma membra da Torcida Amor Preto e Amarelo (APA) e uma colaboradora do Diretório Acadêmico (DA), que prefeririam não se identificar.
De início, perguntei à membra da APA como se dava a relação entre ela, a entidade e o Shokito’s Mineiro. Ela me apontou como o bar era utilizado para as relações cotidianas: “A gente ficava lá [no Shokito’s] tanto para conversar mesmo, quanto para fazer nossas refeições, beber e para encontrar gente. A gente, basicamente, quando não tá em aula, tá lá”.
Assim, ir beber no Shoks não era um costume qualquer entre o alunato. Principalmente, por um item especial do antigo do cardápio: a “caipirona”. Por um preço de R$27,90 e servida em um copo plástico de cerca de 500ml, a caipiroska do estabelecimento era única. Como me conta uma bixete de Direito: “Não existia coisa melhor! A Caipirona era enorme, então, você dividia com três pessoas e as três ficavam alegres antes do copo acabar”.
Mas, então, se o Shokito's era tão importante para os alunos, o que gerou o afastamento do bar? De acordo com as pessoas ouvidas ligadas à APA e ao DA, o que ocorreu foi uma troca de gestão.
Com isso, a alteração no gerenciamento do estabelecimento teria acarretado uma resistência à presença do alunato de diversas formas. Primeiro, alegou-se uma correta questão legal e de segurança em relação ao fumo de cigarros em ambientes fechados do bar, solicitando que os alunos fumassem apenas nas mesas externas do local.
Posteriormente, no entanto, o bar encerrou as atividades de seu anexo – ambiente clássico de encontro de entidades da FGV, especialmente, da torcida e da bateria. O Shoks ainda teria suspendido seu buffet por um período de tempo, afetando os alunos que frequentavam o estabelecimento para almoçar no self-service.
Contudo, a gota d’água, nos conta a membra da APA, teria sido a exigência de consumação para estar no bar. Inclusive, teriam ocorrido casos em que alunos foram impedidos de se sentarem na mesa com seus amigos porque não iriam consumir.
De acordo com a aluna, essas questões teriam feito a APA deixar de frequentar o tradicional bar gvniano para fazerem seus almoços e encontros no Galokitos.
Pelo lado do Diretório Acadêmico, a colaboradora revelou à Gazeta Vargas uma resistência do bar em também continuar sendo a sede dos eventos celebrados pela entidade representativa. Segundo ela, o Prêmio da Gincana dos calouros da EAESP precisou mudar mesmo seu endereço pelo afastamento da nova gestão do Shoks com o alunato.
Ainda assim, a dúvida persiste: por que a nova gestão do Shokito’s resolveu largar toda a tradição entre o bar e os alunos?
Uma das bixetes de Direito parece ter a resposta. De acordo com ela, que continua frequentando o bar cotidianamente mesmo após as mudanças, os funcionários do Shoks teriam relatado que a nova gestão teria uma nova visão sobre o empreendimento.
Para esse novo gestor, o Shokito’s Mineiro deveria ser visto como um restaurante aberto a todos os públicos e não um mero bar universitário. Prova disso seria o refinamento do cardápio oferecido aos clientes, o qual agora conta com uma melhor aparência dos pratos – destaque para os de salmão e o petit gateau – e uma “ex-caipirona”, a qual até recentemente era oferecida em um singelo copo de vidro antes do retorno ao seu formato original.
Por isso, o afastamento das entidades do alunato gvniano, de acordo com as pessoas ouvidas, teria sido uma das partes dessa nova perspectiva sobre o empreendimento. Agora, se esse é um novo norte definitivo ou apenas um breve ar passageiro sobre o bar mais tradicional da FGV-SP, só o tempo dirá.
A aposta da colaboradora do DA é de que isso mudará em breve, uma vez que a gestão do bar mudaria com frequência. Bom, enquanto isso não ocorre, caberá ao alunato encontrar novos locais para tomar sua caipirinha ou sua cerveja sob os gritos de “Abaixa aí, caralho!” da Tatubola.
Assim, em um ano tão complicado para as celebrações tradicionais do alunato gvniano, a derrocada do Shokito's Mineiro surge como mais um ponto dessa triste história.
Autoria: Erick Martins Rosario
Revisão: André Rhinow, Artur Santilli e Laura Freitas
Imagem da Capa: Maria Luísa Arruda de Faria
tatubola é tudo junto, mas puta texto