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O DOADOR DE MEMÓRIAS


Como evoluímos sem o conhecimento de nosso passado? Nossa redatora, Beatriz Fadoa, traz uma discussão sobre a importância da compreensão dos indivíduos como sujeitos históricos através de um paralelo com a obra “O Doador de Memórias”

Uma sociedade evoluída cientificamente, com tecnologia de ponta, mas que não possui conhecimento de seu passado e nem de suas origens, e que vive alienada no momento atual. A civilização, extremamente utópica, é a presente no filme americano “O Doador de Memórias”.


Durante o longa, os personagens encontram-se estáticos, vivem em uma cidade onde nada ocorre e nem se transforma, visto que os indivíduos não possuem noção de seu passado, isto é, são presos a seu tempo. Nesse filme, podemos perceber o papel da História como ferramenta de compreensão do tempo atual, a qual é necessária para que nós, como cidadãos, possamos entender os problemas de hoje e resolvê-los da melhor forma possível.


Nesse sentido, a História se configura como uma ferramenta de autocompreensão do indivíduo no cotidiano. Assim, no contexto atual, marcado pela fluidez das relações humanas, a memória é um elemento essencial a cada pessoa de afirmação sobre seu lugar no mundo. Por isso, ter contato com a cultura e tradições passadas é uma maneira de ser contemporâneo e de se reafirmar como ser humano, visto que começamos a compreender nossas ações como resultado de um longo processo histórico, pelo o qual todos nós somos responsáveis.


Além disso, o estudo do passado também é o maior instrumento de entendimento da atualidade. Segundo o historiador Max Bloch, a História é a ciência do homem no tempo, assim, compreendê-la é uma maneira de entender o que ocorre no presente. Por exemplo, a consciência sobre quais foram as bases para que o Holocausto ocorresse na Alemanha é essencial para a busca de uma evolução e para que o ato não seja repetido. Assim, os acontecimentos passados deixam marcas na sociedade, por meio de um lembrança coletiva e de bens materiais e imateriais.


Dessa forma, o passado contribui para compreender os fatos presentes, o que faz com que ruínas e cinzas de erros obsoletos não permitam a amnésia social, a qual impossibilita a evolução, como na sociedade presentista de “O Doador de Memórias”, condenada ao vazio cultural.


Por fim, a autocompreensão dos indivíduos do presente como sujeitos históricos e a manutenção de memórias coletivas, ambas com base na compreensão do passado, são essenciais para entender a atualidade e evitar a comodidade da sociedade sobre algum problema ou situação. Dessa forma, a falta de contato com esse passado levaria a uma infância cultural e social perpétua, com a ausência de amadurecimento social.

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