Nesta quinta-feira (21), ocorreu uma operação na comunidade do Alemão pela Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (CORE) e pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), respectivamente, polícia civil e militar. A operação, que foi motivada pelas atividades de um grupo criminoso responsável por roubo a banco, carro e carga nos bairros Grande Méier, Irajá e Pavuna, durou dias e já se contaram 18 mortes, sendo 16 de suspeitos pela polícia
Nos últimos 14 meses, já ocorreram 3 das 4 operações mais letais da história na capital fluminense, contabilizando 70 mortos. A incursão com o maior número de mortos ocorreu em Jacarezinho em maio de 2021 e deixou 28 mortos. O G1 alegou que 10 das 13 investigações do Ministério Público sobre esse caso foram arquivadas.
A vítima da operação foi Letícia Marinho Sales, de 50 anos, morta com um tiro no peito na Estrada de Itararé após sair do culto, onde organizava uma festa para a comunidade junto à sua amiga pastora. O namorado de Letícia, que a acompanhava no carro no momento do crime, denunciou a violência policial: “Fomos alvejados por policiais despreparados, desqualificados. Não tinha bandido. Não estava tendo tiroteio. Foi dado para matar. Porque o policial atravessou na frente do nosso carro e deu o tiro".
O cabo Bruno de Paula Costa, de 38 anos, foi morto durante a operação. Ele trabalhava na Unidade de Polícia Pacificadora quando foi atacado por criminosos que retalhavam a operação policial. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, lamentou a morte do agente, afirmando que os policiais foram “covardemente atacados”.
A incursão policial foi destaque em noticiários ingleses, estadunidenses, franceses e orientais, como a ABC News, o Washington Post, o France 24, a rede Al Jazeera e a BBC de Londres, que mostraram fotos de pessoas mortas sendo carregadas sob em lenços.
Cerca de 160 mil pessoas vivem nas favelas que compõem o Complexo do Alemão, bairro com o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano da cidade do Rio, localizado na Zona Norte da capital fluminense, a mais afetada pela violência durante operações policiais.
Leia na íntegra a nota enviada pela Polícia Militar ao Poder 360 às 11h42 de quinta-feira (21):
“A Secretaria de Estado de Polícia Militar e a Secretaria de Estado de Polícia Civil estão atuando conjuntamente no Complexo do Alemão, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (21/07). Cerca de 400 policiais estão empregados nesta operação, sendo usados quatro aeronaves e 10 veículos blindados.
Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil participam da operação. “Também no contexto desta operação policiais militares do 3ºBPM (Méier), do 41ºBPM (Irajá) e de outros batalhões do 2º Comando de Policiamento de Área (Zonas Norte e Oeste da cidade do Rio de Janeiro) estão atuando nas comunidades Juramento e Juramentinho.
As informações dos setores de inteligência das unidades citadas apontam a presença de criminosos da região do Complexo do Alemão praticando roubos de veículos principalmente nas áreas dos bairros do Grande Méier, Irajá e Pavuna.
Esse grupo criminoso vem empreendendo roubos a bancos como aqueles que ocorreram no município de Quatis, em Niterói e na Baixada Fluminense, e roubos de carga, além de planejar tentativas de invasão a outras comunidades. Entre os roubos de carga realizados pelos criminosos constam roubos de óleo diesel para derramar em ladeiras quando estivessem ocorrendo operações visando dificultar o avanço de guarnições policiais.
Nas comunidades Fazendinha e Nova Brasília, as bases das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) locais foram atacadas por criminosos, que também derramaram óleo em via pública e atearam fogo em objetos. O Cabo Bruno de Paula Costa estava trabalhando e ficou ferido quando a base da UPP Nova Brasília foi atacada por criminosos em retaliação à operação. Ele foi socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, no entanto, não resistiu ao ferimento.
Durante a ação, as equipes policiais foram atacadas por disparos de arma de fogo em diferentes pontos do Complexo do Alemão. Dois indivíduos foram encontrados feridos em óbito e houve apreensão de dois fuzis.
Uma mulher ferida por disparo de arma de fogo deu entrada na UPA Alemão e a UPP local foi informada. A investigação do caso está a cargo da Polícia Civil. A Polícia Militar acompanha e colabora integralmente com todos os procedimentos”.
Redação: Amanda Rocha
Revisão: Beatriz Nassar
Commentaires