Aluna do primeiro semestre de AP, Fernanda Sabino estreia na Gazeta refletindo sobre a ética (e sua falta) no cotidiano da Fundação.
Passar no Diretório Acadêmico no período de intervalo ou no horário de almoço já virou rotina e olhar a mesinha com doces que lá são vendidos diariamente, também. Uma passagem costumeira que, querendo ou não, torna o dia a dia dos alunos mais prazeroso e afável após aulas maçantes e cansativas. No entanto, o que deveria estar trazendo um pequeno lucro para quem vende e felicidade para quem usufrui, tem trazido na realidade apenas prejuízo e decepção, e o pior: justamente para aqueles que fazem os docinhos.
Estudamos em uma faculdade de elite, na qual nem todos possuem condição de pagar e sustentar um estilo de vida que pesa no bolso de quem ingressa na Fundação. Os alunos prezam cada vez mais por uma maior diversidade no campus e, aparentemente, alguns têm esquecido que essa diversidade já está se mostrando presente, sendo que alguns que dela fazem parte, precisam dar o seu jeito para garantir um reforço financeiro no fim do mês.
Logo quando entrei, me deparei com uma lamentável realidade que acabou vindo à tona. Em uma publicação em um grupo da FGV no Facebook, uma das alunas que vende seus doces no DA, suplicou por algo que pelo menos eu, caloura, achava que os gvnianos tinham de sobra: caráter. Afinal, como citado por ela, “Parabéns, a FGV não é para qualquer um”, tanto em questão de ingresso, quanto de permanência. Entretanto, ver que o exercício de integridade não é praticado nos pequenos atos, como o de pagar dois reais e cinquenta centavos em um doce, é triste e de se assustar.
Papéis diversos, grampos, clips, restos de comida e até mesmo preservativos –acredite ou não – foram encontrados no local reservado para depositar o dinheiro. Uma atitude desprezível, que não se espera de alunos que estudam em uma faculdade tão prestigiada e renomada. Segundo a estudante, o prejuízo nesse dia chegou a 50% e essa frustração é realmente difícil de ser tolerada, principalmente quando se trabalha com tanto empenho e dedicação.
Como realçado pela aluna na publicação, não vai ser uma postagem numa rede social ou um texto como esse que vai introduzir respeito na vida de qualquer um. Porém, cabe a reflexão, visto que nos deparamos com uma questão de ética que precisa ser discutida e exposta.
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