
As vozes sempre vêm às segundas.
Dia letivo, dia comum,
Dia que deveria ser só mais um;
Tal como eu.
Elas são resquícios do que não evitei no domingo,
Noite de insônia, dia dormindo.
É que eu tenho inúmeras tarefas
E fico sem conteúdo nenhum,
Sou o prazo vencido delas.
O mundo anda pedindo dias infinitos,
Manhãs leves, cafés bonitos.
As vozes me disseram que dia bom é corrido,
Mas meu corpo grita atropelado.
Ele pede por comprimidos,
Enquanto eu morro em dias vividos.
Queria saber o que há de errado:
As vozes ou a realidade.
Enquanto uma finca meus dois pés no chão,
As outras me mantêm deitado.
E eu sigo acordado.
Porque é segunda.
As vozes trabalham,
Mas eu também.
Ainda não sei quem está me fazendo de refém.
Autoria: Ana Cristina R. Henrique
Revisão: Laura Freitas e Enrico
Imagem da capa: edição a partir de imagens da internet (123RF)
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