Para todo oprimido, há um opressor.
Vou repetir.
Para todo o oprimido, há um opressor.
Estou cansada de lutar contra um adversário invisível.
Exausta, na verdade.
Por que não podemos dizer em voz alta o que pensamos?
Declarar para os quatro cantos o ódio que nos consome toda e completamente.
toda e completamente
consumida
pelo ódio
E quanto menos posso odiar,
Mais a raiva me atormenta.
Não posso fazer jus ao que dizem os dissonantes.
Sou raivosa.
Mas em silêncio.
QUE COISA MAIS INSUPORTÁVEL, NÃO POSSO GRITAR.
Para todo cavalheirismo, há um cavalheiro. Para todo tapa, há um agressor.
Para toda flor entregue, há um romântico.
Para todo estupro, há um estuprador.
O que as pessoas não veem é que acontece tudo em silêncio. Não por trás das cortinas, mas por baixo do piso, aos céus do telhado.
Acontece no vácuo completo.
Se pudesse apenas gritar por ela, ela que não conseguiu.
E ela que conseguiu, mas não foi ouvida
Gritou para ninguém.
Gritou para todo mundo.
Ninguém a escutou,
Ninguém quis escutar.
Para toda mulher oprimida, violentada, assediada, estuprada, espancada,
Para toda mulher que existe
Há um opressor.
A mulher existe,
que não restem dúvidas.
Autoria: Tiz Almeida
Revisão: Beatriz Nassar e João Colleoni
Imagem de capa: Pinterest, ✯ՏCᕼᗩKᗩᒪ✯
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