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"ACEITA PIX?"

Como os meios de pagamento vêm se transformando com a tecnologia?

Do escambo aos sistemas de transações digitais, a necessidade de realizar pagamentos acompanha a história da humanidade. Mudanças históricas, tecnológicas, além de transformações nas organizações sociais e culturais, acabam impactando a maneira como as pessoas se relacionam, e consequentemente, como os agentes econômicos vão realizar suas transações financeiras. Nos dias de hoje, com o avanço da tecnologia, cada vez mais busca-se maiores graus de simplicidade, conveniência e segurança nas transações. Diante disso, inovações nos métodos tradicionais de pagamento por meio da digitalização das transações estão levando a um caminho, cada vez mais certo, da desmaterialização do dinheiro.


Historicamente, as primeiras moedas de bronze surgiram na China em meados de 1.000 a.C, tendo sido trazidas para o Ocidente nas navegações do século XIII. Foi apenas em 1657 que o primeiro banco, a instituição sueca Stockholms, imprimiu cédulas de dinheiro. Em seguida, no século XIX, o ouro passou a ser o padrão monetário, configurando-se como o primeiro sistema monetário internacional até a eclosão da primeira guerra mundial em 1914.


Em 1949, mudanças importantes ocorreram nas relações econômicas. Surgiu a indústria moderna de cartões de crédito e débito, diante de novas necessidades do empresário Fred McNamara, que havia esquecido sua carteira ao pagar uma conta. Desde então, avanços tecnológicos vêm possibilitando melhorias nos cartões com Chips Magnéticos, pagamentos por NFC, biometria, entre outros. O surgimento de carteiras digitais se deu em 1998, porém, apenas em 2014, grandes empresas como a Apple, Google, desenvolveram o Apple Pay e Android Pay, respectivamente. Pesquisas em criptografia se iniciaram em 2008, e a primeira transação de Bitcoin ocorreu em 2009, dando início às tecnologias de blockchain e criptomoedas.


A evolução dos meios de pagamento não para por aí. Em uma era marcada pelo uso dos smartphones, em que a grande maioria dos indivíduos fazem uso de um, a China apostou na substituição de carteiras por celulares modernos, em que a realização das transações de pagamento passou a ser possíveis apenas com o dispositivo móvel. Diante dessa mudança, cerca de 70% das transações chinesas estão acontecendo de forma digital nos últimos anos.


No Brasil, o mercado de transações financeiras irá passar por grandes mudanças nos próximos anos. A recente pandemia do Covid-19, somada ao lançamento do Pix pelo Banco Central, impulsionaram a digitalização e a simplificação dos fluxos de pagamento. Devido à crise sanitária e à necessidade de isolamento social, cada vez menos indivíduos realizam suas compras de maneira física, aumentando de maneira exponencial o número de negócios online.

Durante o período da pandemia, os pagamentos digitais aumentaram em 50%, se comparados ao ano anterior, 2019. Dessa forma, meios não tradicionais de pagamentos passaram a ser adotados, exigindo que as empresas se adaptassem às novas demandas por diferentes meios de pagamento. Posto isso, cerca de 58% das empresas realizaram pelo menos uma mudança na estratégia de pagamentos ao decorrer da pandemia, segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.


Nesse contexto, o Banco Central lançou a nova plataforma Pix em novembro de 2020, impactando ainda mais os negócios. O Pix se configura como um novo meio de realizar transferências interbancárias de maneira instantânea, isto é, com um tempo de liquidação de cerca de 10 segundos, em qualquer dia e horário, incluindo finais de semana. Em busca de facilitar e agilizar as transações entre pessoas, seria uma opção de transferência para além do DOC e do TED.


A principal mudança trazida pela nova plataforma consiste na diminuição de intermediações financeiras durante o processo. O sistema atual de pagamentos conta com quatro intermediários: banco emissor do cartão, empresas de maquininhas (como Cielo, Stone, etc.), bandeira do cartão (como Visa, Mastercard) e um processador. De maneira bastante simples, as transações via PIX serão liquidadas apenas com um intermediário, levando a uma desintermediação dos fluxos financeiros. Nesse cenário, empresas de maquininha de cartão devem se reinventar para permanecerem presentes no mercado, oferecendo novos tipos de serviços e novas tecnologias para além das próprias maquininhas.

Além disso, até então, para realizar transferência entre os agentes econômicos, algumas informações, como número da conta corrente, CPF e agência bancária, eram necessárias. Porém, o Pix agilizará o processo, deixando-o mais dinâmico na medida que apenas uma informação será necessária. O funcionamento dessa nova plataforma se dá através de uma chave de uma conta bancária, a qual pode ser desde CPF até telefone ou email, a fim de identificar o destinatário em uma transação de pagamento. Como as chaves são unidirecionais e identificam uma única conta, a segurança é garantida. Ademais, como os pagamentos são iniciados em uma carteira digital ou em um ambiente de banco, evita-se que transações sejam realizadas sem as autorizações necessárias.


Com o objetivo de preencher algumas lacunas existentes na cesta de instrumentos de pagamentos disponíveis nos dias atuais, este projeto realizado pelo Banco Central busca aumentar a eficiência, a competitividade e a digitalização do mercado de pagamentos de varejo brasileiro. Diante disso, esse instrumento diminui os custos de transação, aprimorando a experiência dos clientes, além de aumentar a segurança.


A diminuição dos custos de transação, uma das principais características do Pix, possui tamanho impacto no sistema financeiro na medida que inclui muitas pessoas até então marginalizadas. Outro aspecto essencial para garantir tal inclusão financeira corresponde a experiências bastante simples para os clientes, sendo acessível para todos, até aqueles com pouca familiaridade com tecnologias. Dessa forma, será apenas uma primeira etapa para que tais indivíduos tenham acesso a outros produtos financeiros no futuro.


Nesse cenário, é natural que perguntas como "Aceita Pix?" sejam cada vez mais recorrentes no cotidiano brasileiro. Desde um sorvete na praia até uma consulta médica, o Pix atuará como um importante substituto natural do uso do dinheiro, contribuindo cada vez mais com a desmaterialização financeira. A evolução dos meios de pagamento na história da humanidade é surpreendente. Apesar do futuro financeiro ser muito incerto com as mudanças tecnológicas, tem-se uma certeza: Cada vez mais, nos distanciaremos dos meios de transações físicos.


Revisão: Letícia Fagundes

Imagem de capa: Reprodução Vindi



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