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Final Libertadores: dois caminhos, um clássico permanente

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Com a chegada do fim da temporada, a final da Copa Libertadores encerra o ano com um dos clássicos mais representativos do futebol brasileiro recente. A edição de 2025, realizada em Lima, Peru, colocou novamente frente a frente o Palmeiras e o Flamengo, reacendendo a lembrança daquele duelo de 2021, quase um espelho do passado, mas com novas camadas de expectativa e tensão.

O jogo começou com a energia de um clássico calculado e emocional. No primeiro tempo, os dois times demonstraram organização defensiva rigorosa, intensidade nas disputas pelo centro do campo e raríssimas concessões de espaço. Cada posse parecia carregada de significado, cada dividida, uma conversa direta com a pressão do torneio. O meio-campo não era apenas território tático, era um campo de força onde o jogo se equilibrava mais na resistência do que na ousadia inicial.

E se a final trazia emoção própria, a história que realmente pavimentou a chegada do Palmeiras a essa decisão foi escrita antes. Na semifinal contra a LDU Quito, o Palmeiras não encontrou facilidade. Encontrou provação. Na ida, o 3 a 0 sofrido em Quito parecia sentença sem recurso, um golpe que atravessava qualquer plano lógico de classificação. Mas quando a Libertadores sussurra que acabou, é quando alguns times escolhem responder mais alto.

No Allianz Parque, na volta, o Palmeiras recuperou o fio da própria narrativa. Não virou apenas o placar, virou atmosfera, ritmo e crença. A vitória por 4 a 0, com os gols de Ramón Sosa, Bruno Fuchs e os dois de Raphael Veiga, foi construída em ondas de intensidade conectadas, como retorno natural de um time que recusou o lugar reservado aos eliminados. O pênalti convertido por Veiga, mais do que um gol, foi ponto de combustão coletiva. O estádio respirava com o jogo e o jogo devolvia com história: a maior virada em uma semifinal da Libertadores.

Assim, no último sábado, o Palmeiras entrou em campo na final com uma certeza emocional que nenhum adversário tira do elenco: a de que limites, quando impostos pela própria competição, podem se tornar a fagulha da reinvenção competitiva. O Flamengo, por sua vez, não precisou gritar para ser gigante. Jogou no silêncio pesado da eficiência. Encontrou sua vantagem na bola parada, honrou sua frieza na condução do ritmo após marcar e fechou qualquer tentativa de assalto ao controle. A vitória por 1 a 0 culminou em título, mas também em demonstração clara da competência de uma equipe que sabe disputar finais com o pulso de quem domina tanto o momento quanto o método.

O encontro decisivo não foi desconexo, nem partido em extremos. Foi ligação de naturezas distintas de competir. O Palmeiras chegou pela emoção que venceu impossibilidades. O Flamengo se consagrou pela emoção que não se abala. Dois caminhos, um mesmo torneio, uma mesma ração de história, prestígio e desejo de eternidade. E se a taça pertence a um, a memória da virada pertence a todos que vivem o futebol como linguagem, sentimento e narrativa.

Autoria: Andressa Scappini 

Revisão: Erick Martins e Ana Clara Jabur 

Imagem da capa: Tribuna do Paraná

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