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A ERA DOS HOMENS ENJAULADOS

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Homens são tolos.

Respiram a poluição de almas vendidas, 

e conseguem chamar isso de ar fresco. 

Prendem-se em jaulas que o exploram e que,

curiosamente, foram construídas por eles mesmos. 


Idiotas que tentam se enganar, 

marionetes que acreditam se controlar. 

Enquanto isso, poderosos dão risada,

prosperam suas verdades sufocadas

e negociam o valor dos bonecos que querem dominar. 


Motivados pelo cheiro da ganância, 

vendem almas em favor do capital.

Buscam pelo mito da meritocracia, 

e gastam a vida nesse ritual. 


Esses fantoches cantam uniões 

mas apoiam a construção de muralhas. 

Proclamam o dito novo Messias 

enquanto apedrejam inocentes almas. 


Em busca do céu, utilizam de escada corpos. 

Querem preservar a vida matando inócuos. 

Brindam à paz em cálices de sangue.

E pedem prisões enquanto blindam a própria gangue. 


O humano perdeu o pudor. 

Saiu de criatura e se tornou o criador. 

Tornaram minérios em projéteis que ceifam vidas. 

A mais bela arte agora é comércio de burguesias. 


Condicionou-se a liberdade 

aos bons costumes da sociedade. 

A família deve performar o patriarcado

e seguir regras de autoridade. 


Nesse mundo animal, hienas gritam sem freio, 

pois acreditam serem leões em seu meio. 

Matam uns aos outros e chamam isso de vitória, 

veem mães enterrando seus filhos e dão glória.


O lobo mais agressivo e faminto do campo 

se veste de pele de cordeiro manso. 

Ele bebe do sangue dos reféns desse combate desigual

e com um sorriso falso faz campanha eleitoral.


Os humanos aposentaram o diabo, 

eles mesmos criam seus próprios abismos.

As almas são escravizadas ainda em vida, 

e os poderosos deitam em seu conforto e sismos. 


Nessa distopia, resta a nós lutar para existir. 

Tentar sobreviver a quem deveria proteger, 

mas sempre vai preferir explorar e oprimir. 

Até lá, sacos pretos serão empilhados, 

enquanto os lobos dançam sobre corpos calados.


Autoria: Mariana Mendes

Revisão: Ana Carolina Clauss

Imagem de capa: Pinterest




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