
Eu sinto uma ânsia de me envolver na juventude,
Uma pressa de viver.
Um olhar sempre atento,
Que se desvia em busca de um novo proveito.
Parece que a gente vive tentando ser um conceito.
Eu sinto faltas em uma juventude,
Que tenta se ausentar.
Presente nos copos,
Permanecendo em passagens.
Só não passa a vontade de se soltar.
Eu sinto carências nessa geração,
Que quer sentir tudo, menos o coração.
Carentes de afeto e de atenção,
Em busca de intensas sensações.
Eu vejo miopia nessa juventude,
E nem é de tanto olhar para a tela.
Falta clareza para as coisas singelas,
Mas se vê imensidão em comentários rudes.
Distorcendo qualquer autêntica virtude,
Para reproduzir nossas mazelas.
É que também sinto a força da nossa voz,
Que cala tudo que parece atroz.
Pensando em cancelamentos,
Cancelamos pensamentos.
Esquecemos o quanto poderíamos gritar,
Talvez a gente devesse tentar escutar.
É que eu sou parte dessa juventude,
Sinto a contradição entre solidão e solitude.
Quero ver BBB enquanto consumo algo cult,
Não quero consumir ideias que me iludam.
Quero que o mundo mude,
Mas sigo vivendo por um reality.
É que eu tenho medo da realidade,
Talvez esse poema seja sobre ânsias e ansiedades que sinto sozinha,
Porém já me perdi entre as dores do mundo e as minhas.
Eu sinto contágio no que nos é hostil
E uma manada em que a juventude entra,
Eu entro na manada que essa força sustenta.
É tipo geração coca-cola nos anos 2000.
Talvez eu só veja o que alguém já viu.
Autoria: Ana Cristina R. Henrique
Revisão: Laura Freitas e Artur Santilli
Imagem de capa: Foto da própria autora
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