top of page

A CORRIDA DO SEGUNDO TURNO


Em 11 dias o próximo Presidente da República estará eleito. A disputa para o mais alto cargo do Poder Executivo tem como cenário o fanatismo político e as inúmeras polêmicas que envolvem os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


O primeiro turno foi marcado por surpresas boas ou ruins, a depender do ponto de vista. Quem esperava uma vitória do ex-presidente Lula no dia 02 de outubro, como algumas pesquisas indicavam que era possível, desapontou-se. Bolsonaro, que tinha 18 pontos de desvantagem em relação ao primeiro colocado nas pesquisas, teve, na realidade, 5 pontos de diferença [1], resultado que entusiasma os eleitores do atual presidente. Enquanto isso, aqueles que acreditavam na possibilidade de uma “terceira via” viram Simone Tebet receber 4,2% dos votos, Ciro Gomes, 3%, enquanto os demais não chegaram a 1% do eleitorado brasileiro [2].


Além disso, para espanto de muitos, o Partido Liberal elegeu 99 deputados federais, tornando-se a maior bancada na Câmara dos Deputados, seguida pela bancada petista, que elegeu 68 deputados. Ainda que os dois candidatos à presidência tenham números expressivos de apoiadores no Congresso, Bolsonaro dispõe de uma vantagem significativa dentro da casa, pois, além da “superbancada do PL”, também conta com mais 174 deputados eleitos de partidos de direita.


Após os resultados do primeiro turno, uma série de acontecimentos marcou as primeiras semanas de campanha. Logo nos primeiros dias, uma notícia ligando o presidente Jair Bolsonaro à maçonaria e ao satanismo tomou conta das redes sociais. Segundo a publicação, o presidente teria comparecido a um evento maçom e prometido “entregar o Brasil a Satanás”, caso eleito [3].


A possível estratégia para afastar a comunidade evangélica, grande parte do eleitorado do presidente, trata-se de uma publicação enganosa. Bolsonaro, de fato, visitou em 2017 uma loja maçônica e realizou um discurso, mas em nenhum momento fez menções ao satanismo. Além disso, a Maçonaria não apresenta relação alguma com seitas satânicas [4].


Ao mesmo tempo, também há pedras no caminho de Lula. Recentemente, um jornal publicou uma notícia afirmando que Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) — maior facção criminosa do país —, declarou apoio a Lula. Rapidamente, o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos replicaram a notícia em suas redes sociais, a qual foi deletada por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em razão de seu cunho inverossímil [5].


Todos os dias o eleitor brasileiro é surpreendido com alguma notícia, falsa ou verdadeira, sobre os candidatos. Na última sexta-feira (14), uma fala do atual presidente em um podcast chocou o país:


"Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto [...] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas... Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?' Entrei.". [6]


A partir de então, o nome do presidente passou a ser associado à pedofilia, e a oposição utilizou os trechos para o atacar. Contudo, o TSE ordenou que a propaganda política do Partido dos Trabalhadores deixasse de usar os vídeos que relacionam Bolsonaro à pedofilia ou à prática de crime sexual, devido à inveracidade e à descontextualização do ocorrido [7].


Falas descontextualizadas, notícias falsas e acusações sem fundamentos são recorrentes no cenário político brasileiro. Esse ciclo de desinformação gera dúvida e desconfiança na população, que muitas vezes é persuadida por notícias sensacionalistas e passa a não acreditar mais em fontes tradicionais, como a ciência. No período eleitoral, eleitores mais extremistas tendem a acreditar e propagar notícias falsas [8], as quais se espalham rapidamente pelas mídias sociais, tornando difícil sua verificação e seu controle, e estabelecendo um risco à democracia brasileira.


Assim, encerra-se mais uma semana na corrida eleitoral do segundo turno. O que esperar dos próximos 11 dias?


Revisão: Anna Cecília Serrano e André Rhinow

Capa: Karina Cruz


 

REFERÊNCIAS:

[2]: Tribunal Superior Eleitoral

bottom of page