Gabriel Freitas, nosso redator, procura entender o porquê de tantas figuras femininas finalizarem suas carreiras despercebidas. E destaca a luta de algumas pela desconstrução do cenário machista no mundo dos esportes.
Uma luta que começa a colher seus frutos: a importância da luta feminista pelo direito das mulheres praticarem esportes
Mesmo com a evolução da participação das mulheres nos esportes, ainda pode-se dizer que vigora uma cultura machista nesse meio. Não são casos isolados de relatos de jornalistas que não foram creditadas por excelentes trabalhos, que são alvo de “gracinhas” de jogadores e de torcedores, ou até mesmo torcedoras que precisam mostrar que sabem do assunto. Em razão disso, esse texto se prestará a homenagear figuras esportivas femininas que lutaram e ainda lutam pela desconstrução desse cenário.
A primeira delas é Stamata Revithi. Grega de nascimento, no ano de 1896, foi à Atenas na esperança de arranjar um emprego, mas no meio tempo conheceu um corredor que a incentivou a participar da maratona dos jogos olímpicos. Neste período, não era permitida a participação de mulheres nos jogos, então Stamata teve de correr a maratona um dia após a prova masculina. Ela correu os 40km em 5h e 30 min, conseguindo testemunhas para confirmar seu feito, porém tal esforço não resultou na possibilidade de a corredora conseguir entrar no estádio Panatenaico. Muito embora sua história pós-maratona seja desconhecida, há de se reconhecer o grande feito atingido por Stamata, o qual contagiou outras mulheres a lutarem por seu direito a participar do mundo esportivo.
O segundo grande exemplo é Charlotte Cooper. A britânica disputou, no ano de 1900, a primeira Olimpíada que permitiu a participação de atletas mulheres. A tenista foi a primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro olímpica. Entretanto, vale ponderar que Charlotte, diferentemente da atleta grega, já era uma atleta consagrada no meio tenista, já tendo vencido 3 vezes o torneio de Wimbledon, um dos mais consagrados do tênis mundial.
A terceira figura icônica do esporte feminino é Alice Milliat. A francesa deu um passo a mais com relação à suas antecessoras. Foi sem dúvidas uma das mais ativas defensoras do direito feminino ao esporte, tanto que no ano de 1921, fundou a Federação Internacional de Esporte Feminino, idealizando uma Olimpíada de Mulheres em Monte Carlo. Tal atitude é entendida por alguns como uma provocação a Pierre de Coubertin, o até então organizador dos jogos olímpicos modernos e que era reticente quanto a possibilidade de participação de mulheres em seus jogos.
Em suma, pode-se concluir que foi graças ao esforço de figuras como essas três mulheres que o esporte permite um maior debate a respeito do feminismo. Por exemplo, a Copa do Mundo de Futebol Feminino que ocorrerá em junho deste ano será histórica em relação ao investimento e à visibilidade para o evento. Além disso, o evento será um grande marco para o esporte brasileiro, pois a emissora Globo fará a cobertura via tv aberta e tv fechada e ainda incluirá mulheres na transmissão.
Tal iniciativa da rede Globo é uma reação, ainda que tardia, ao ganho de força do movimento feminista nos esportes. Este movimento atua com o intuito de desmistificar a ideia de “sexo frágil” disseminada ao longo do século XX e vem conseguindo avanços importantes. Essas conquistas levam a crer que o cenário do esporte feminino experimentará um forte crescimento nos próximos anos, de forma que o trabalho de tantas figuras que lutaram por esse direito passe a ser de fato reconhecido.
Trilha sonora sugerida:
Ain’t Got No – I Got Life — Nina Simone
Leitura Sugerida:
Mathias, M., & Rubio, K. (2010). As práticas corporais femininas em clubes paulistas do início do século XX . Revista Brasileira De Educação Física E Esporte, 24(2), 275-284. https://doi.org/10.1590/S1807-55092010000200010
Blog Dibradoras do Portal Uol (https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2018/07/)
Portal EspnW (http://www.espn.com.br/espnw/)
Programa “Olhar espnW” com apresentação da jornalista Marcela Rafael
<https://www.torcedores.com/noticias/2018/03/mulheres-no-esporte-como-lidar-com-posturas-machistas> acesso em 03/05/2019. <https://olusoniversalista.wordpress.com/2015/01/07/stamata-revithi-a-mulher-que-correu-a-maratona-nas-olimpiadas-de-1896/> acesso em 03/05/2019<https://extraordinarias.blogosfera.uol.com.br/2018/03/08/7-mulheres-que-lutaram-pelo-direito-de-praticar-esportes/> acesso em 04/05/2019 <https://www.torcedores.com/noticias/2018/03/7-mulheres-pioneiras-no-esporte-para-voce-se-inspirar> acesso em 03/05/2019. <https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/01/03/2019-e-ano-de-copa-recordes-e-curiosidades-do-mundial-de-futebol-feminino/> acesso em 04/05/2019<https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/05/03/globo-e-sportv-terao-mulheres-comentando-jogos-da-copa-do-mundo-feminina/?fbclid=IwAR0LEjqgwIGKR9CReebyBCiUsqN1zs9JzEEdwRwViluN9UmZZSSvMBr4Drg> acesso em 04/05/2019
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