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AULA TAMBÉM SE FAZ NAS RUAS


Em resposta à política de corte de verbas do atual governo de Jair Bolsonaro (PL), manifestações estudantis tomaram conta do país durante este mês de outubro.


No dia 30 de setembro, o governo federal anunciou um bloqueio no Orçamento da União de R$2,6 bilhões, sem detalhar quais ministérios seriam afetados pela redução orçamentária. Na época, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) declarou que o bloqueio total para a educação seria de R$1 bilhão, conforme foi informado pelo Ministério da Educação (MEC) [1].


Para o Ensino Superior, o bloqueio foi de R$328 milhões. Este montante, somado a outros cortes realizados ao longo do ano, totalizou uma redução de R$763 milhões nas verbas previstas às universidades, aos institutos federais e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para o ano de 2022 [2].


Após resistência de reitores e estudantes, o MEC declarou o desbloqueio de R$328,5 milhões para as universidades federais e de R$147 milhões para os institutos federais três dias após a declaração inicial [3]. Apesar do recuo na decisão prévia, a atitude serviu de motivação para intensificar manifestações e atos contrários à atual política de cortes em áreas essenciais e ao governo de Jair Bolsonaro.


Na terça-feira de 18 de outubro, manifestações estudantis tomaram mais de 75 cidades em atos de resistência aos cortes de verbas destinadas à educação. Organizadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e sindicatos, as manifestações mobilizaram milhares estudantes e profissionais da educação para protestar nos principais centros urbanos do país [4].


Em São Paulo, a concentração de manifestantes aconteceu às 17h, na Avenida Paulista, onde os estudantes marcharam do trecho da avenida em frente ao MASP até a Praça Franklin Roosevelt na República. O ato foi pacífico e terminou às 19h.


Para Isis Mustafá, diretora da UNE, as manifestações defendiam “o fim desse governo golpista que está há quatro anos tentando destruir a educação pública”. Segundo a Coordenadora Geral da Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (FENET), as mobilizações “mostraram que é possível barrar os retrocessos e garantir o direito à educação pública, gratuita e de qualidade” [5].


As manifestações foram pacíficas, mas em algumas localidades foram registradas reações físicas e verbais contra os estudantes. Na cidade de Viçosa, em Minas Gerais, uma aluna foi atropelada por um motorista após o fechamento das vias na cidade mineira. Um dia antes ao ato nacional, em Nova Iguaçu, também houve registro de atropelamento e ameaças contra os estudantes que protestavam contra o atual governo. Em ambas as ocorrências, os estudantes não sofreram ferimentos sérios [6].


Para o ano de 2023, o orçamento proposto por Bolsonaro para a educação é de R $5,2 bilhões, sendo 34% menor que o orçamento destinado para a área no ano de sua posse [7]. Qual será a proporção das próximas manifestações estudantis que provam, ano após ano, que a verdadeira aula se faz nas ruas?





Autor: Arthur Dantas

Revisores: Anna Cecília, Artur Santilli e Guilherme Caruso

Foto: @lauratonks25/Jornal A Verdade


Referências








UOL

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