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BANDEIRA BRANCA



Eis aqui meu tiro no escuro. 

Um grito pros surdos, 

que podem me ver. 


Eis mais um exaurido

mais um derrotado, sofrido

tentando sobreviver


Ser por si só, sozinho 

Seguir meu próprio caminho 

Que não me foi dado ao nascer 


Era pra eu ser imponente

Ter uma voz potente 

Fazer a mudança acontecer 


Quem me dera encher o peito 

Ser um sujeito direito 

Sem precisar entender 


Por que eu respiraria?

Por que me esforçaria? 

Por que sequer viveria, se não consigo me responder? 


Eis um tiro no escuro 

Mais um dia vivendo inseguro

Como diriam, ser ou não ser?


Grito o mais alto que consigo

Pra que, quem sabe, alguém grite comigo 

“Eu não pedi pra nascer” 


Mas já que estou aqui mesmo 

Vou vivendo a esmo

Tomara que um dia eu venha a ser 


Eis um adeus amargurado 

De um poeta enferrujado 

Que não sabe escrever 


Um texto desestruturado 

Um poema mal elaborado

Que pede de ajuda pra renascer 


Queria ser bom em tudo 

Mas quem faz de tudo no mundo 

Acaba sem nenhum saber 


Eis aqui um tiro no escuro 

De mais um sem futuro 

Tentando ser bom em viver



Autoria: Ana Luisa Issy

Revisão: Enrico Recco e Laura Freitas

Imagem de capa: Pinterest

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