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COBERTURA DA PALESTRA DE LORELAY FOX SOBRE DIVERSIDADE

A convite do DAGV para a Semana de Diversidade realizada no mês de Novembro, a drag queen Lorelay Fox ministrou uma palestra sobre diversidade. Nossa membra do núcleo de artes, Raquel Guimarães, fez a cobertura do evento. Confira!

Novembro foi inaugurado pela Semana de Diversidade, organizada pelo DAGV. A série de eventos se iniciou na segunda-feira, dia 4, com a exibição e conversa com a diretora do documentário “Chega de Fiu Fiu", passou por uma feira de literatura periférica na terça e uma palestra cujo tema era atuação de mulheres na economia na quarta. Na quinta-feira, dia 7, ocorreu o evento de fechamento da semana, uma palestra sobre diversidade com a drag queen Lorelay Fox. Segundo Juliana Salinas, uma das organizadoras do evento, a ideia do convite era trazer um baque diferente do que a GV geralmente aborda, além de trazer uma finalização de peso para a semana.


Conforme a fila que havia se formado ia sendo liberada para entrar, era perceptível a animação dos inscritos com a presença de Lorelay. Montada com um macacão de veludo preto, um grande e brilhante colar, pulseiras que combinavam e uma elaboradíssima maquiagem, preenchia a atmosfera tediosa da monocromática sala 806 da EAESP.


Lorelay, quando não está montada, é Danilo. Nasceu e passou a adolescência no interior, onde primeiro entrou em contato com o universo drag, história que explicou melhor ao longo da palestra. Após uma fala inicial das organizadoras do evento, Lorelay começou a se apresentar já de maneira muito carismática, com um bom senso de humor que rapidamente quebrou o gelo.


A palestrante abordou já de início a comparou a situação da comunidade LGBT atual com aquela de quando cursara faculdade. “Parece que tá tudo horrível, mas há 10 ou 15 anos uma mulher trans não podia andar na rua”, relembrou. Os tempos atuais muitas vezes parecem tenebrosos para se existir como minoria - e muitas vezes são -, mas ela ressaltou a luta histórica dos LGBTs, comumente apagada como tantas outras, que permitiu as conquistas de direitos atuais. O que fazer com os privilégios de hoje em dia frente à situação passada? Nesse ponto, ressaltou também a importância da resistência da diversidade nesses momentos, pois é ela que dá continuidade à luta e possibilita melhoras para o futuro, para os LGBTs que virão depois.


Lorelay contou um pouco sobre sua trajetória como drag: começou adolescente, apresentando-se em baladas de sua cidade. Após certo tempo, resolveu mudar-se para São Paulo, onde começou a fazer vídeos de maquiagem no Youtube. Ainda com pouquíssimas visualizações, eventualmente resolveu fazer um vídeo explicando o que é ser drag queen, as diferenças entre mulheres trans e drags, etc. Com a súbita viralização desse vídeo, seu canal (@Lorelay Fox) começou a crescer e, desde então, conta com inúmeros vídeos que, além de tratar de assuntos tabus, polêmicos e políticos, possui tutoriais de maquiagem e vlogs mais cotidianos.


Com o sucesso da abordagem do tema, Lorelay assumiu para si a tarefa de tratar desse tipo de assunto, tornando-se uma espécie de porta-voz de diversas questões LGBTs. A palestra também teve seu momento didático, em que a drag contou um pouco sobre o uso de pronomes e a diferença entre mulheres trans e drag queens: enquanto uma drag é um homem, se identifica com o gênero masculino, mas faz uma performance artística de incorporação de uma personagem feminina quando se monta, uma mulher trans é uma mulher que se identifica com o gênero feminino mas nasceu com o sexo biológico de homem - independentemente da transição, é mulher. Lorelay não se importa em ser endereçada por ele/ela quando montada, mas disse que muitas drags preferem somente o pronome feminino, por isso o ideal é sempre perguntar antes.


Alguns outros assuntos foram abordados na conversa, a qual Lorelay conduziu de um jeito envolvente e carismático, da parte mais expositiva à sessão de perguntas do público. A internet, por exemplo, foi trazida por ela como uma ferramenta de ruptura no sistema que quer exterminar e invisibilizar os LGBTs, e ela própria é prova disso, dado o sucesso que teve em abordar temas importantes e pouco difundidos ao público em geral. Sobre a comunicação com quem pensa diferente de nós, Lorelay apontou que às vezes o “textão” de militância pode não ser o melhor caminho - com isso, ressaltou a importância da ocupação de espaços de visibilidade por LGBTs porque assim quebra-se mais facilmente o estereótipo que as pessoas têm da comunidade.


Sobre a semana de diversidade, Juliana Salinas colocou que “Foi nossa maneira de passar um pouco da mensagem de que o DA e a GV têm que virar um espaço cada vez mais inclusivo”, e as falas de Lorelay certamente foram uma finalização excelente para reafirmar isso. Finalizou trazendo a reflexão de nos colocarmos na sociedade e nos perguntarmos: “por que pensamos assim?”, por que temos esse padrão como o certo, o bonito? A diversidade passa por raça, por sexualidade, gênero, mas há muitas diversidades, que são muito mais do que isso e que se interseccionam e se relacionam. Padrões sempre existirão, e o ideal é uma busca por padrões além dos atuais, opressores. Por que não colocar como padrão do que é certo e bonito, por exemplo, a empatia pelo outro?

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