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DE PRETO E AMARELO RUMO AO INTERIOR


Os quatro dias mais insanos do ano para os universitários paulistas acabaram. Jogamos. Torcemos. Vibramos. Choramos. Bebemos. Beijamos. Viver o Economíadas é um marco para todos que se dispõem a dar uma pausa na vida para adentrar a paixão das arquibancadas.


Por falar em arquibancada, a Fundação Getúlio Vargas estava muito bem representada. A Torcida Amor Preto e Amarelo (APA) e a Bateria Tatubola deram um show. Faixas, tambores, bandeiras, chocalhos, bastões de fumaça, repiques, tinta, sinalizadores, hinos e gritos, muitos gritos. O interior paulista foi dominado de preto e amarelo.


Antes mesmo do início do Economíadas, a APA se mobilizou para ensinar os cantos e as boas práticas aos alunos, ou “civis”, como carinhosamente foram apelidados aqueles que não fazem parte da torcida organizada. Durante os jogos, avisos sobre os horários e os locais das partidas, além de mensagens não tão meigas, clamavam pela presença e pelo apoio daqueles que optavam pelas festas ao ver os atletas brilhando.


Vestidos de preto e amarelo — ou de homem-aranha — , com as mãos machucadas, os braços doloridos e sem voz, a bateria promoveu um verdadeiro espetáculo. Até mesmo quem chegou sem saber sequer uma música cantou e dançou ao lado deles.


E não podemos deixar de falar da Associação Atlética Acadêmica Getulio Vargas (AAAGV), que trabalhou incansavelmente para que 2023 entrasse para a história. Alojamento, chuveiro químico, grife, translado, festas e a tapioca da Graça — que todo mundo achou que era “de graça” — foram alguns dos feitos da entidade. Além disso, também zelaram pelos nossos times para que a GV trouxesse novamente a taça para casa. Mas não foi dessa vez.


Ainda assim, vimos a excelência dos atletas nas quadras, nas piscinas, nos ginásios, nos campos e nos tatames. Com destaque para o rugby masculino e o futsal masculino que conquistaram o primeiro lugar. E para as equipes de handebol feminino, rugby feminino, tênis feminino, vôlei feminino e xadrez, que ocuparam o segundo lugar do pódio. O Jacaré voltou para casa com 154 pontos, apenas 26 pontos atrás da primeira colocada, a FECAP, que, aliás, é muito controversa.


A Fundação de Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) ganhou pela segunda vez consecutiva o Economíadas. Contudo, muitos adversários questionam a legitimidade da vitória com a justificativa de que a fundação “compra atletas” para disputarem os jogos. O que acontece na prática é que a instituição, “como forma de promover e incentivar a prática esportiva na Comunidade Alvarista e a representação da FECAP em competições universitárias” concede bolsas para atletas alvaristas [1].


A primeira notícia sobre a iniciativa da fundação é de 2020, quando ofereceram 10 bolsas para os ingressantes do segundo semestre da graduação daquele ano [2]. A partir do ano seguinte, o número de bolsas cresceu para 20 por semestre, divididas entre a graduação e a pós. Considerando que o tempo mínimo para a formação em uma pós-graduação é de 18 meses e para a graduação é de 48, de acordo com as informações fornecidas, atualmente, no mínimo 90 alunos da FECAP possuem bolsa atleta.


No Instituto Presbiteriano Mackenzie, também existe a modalidade de bolsa para atletas. No entanto, diferente dos alvaristas, apenas os alunos já matriculados podem disputar esse programa [3]. Não se sabe ao certo quantas bolsas a faculdade oferece por semestre, mas o resultado dos jogos mostra que, talvez, isso não tenha tamanha influência para os mackenzistas, que terminaram os jogos ocupando o terceiro lugar no pódio.


Apesar da insatisfação com as derrotas ao longo do caminho, voltamos para casa felizes em saber que damos o nosso máximo seja como atleta, torcida, bateria ou organização. Fortalecemos os laços que criamos há muitos anos atrás. Por exemplo, com o Zezé, patrimônio imaterial da FGV que estava todos os dias na porta do alojamento garantindo o bem-estar dos atletas, da torcida e dos civis, e o Super Mano, que festejou o seu 10º Economíadas torcendo, gritando e, claro, queimando abadá da ESPM.


O que não morre também é o rancor pela GV. Seja em tatuagens temporárias, no troféu dos campões, nos gritos e abadás das torcidas adversárias ou até mesmo durante os shows das atrações, sempre há um: “Foda-se a GV”. O que causa tanto incômodo? Por que todo mundo odeia a GV? Seria por causa da grandeza da torcida, da performance da bateria ou da excelência dos atletas? Talvez seja pelo ego dos gvnianos. Mas, vamos combinar, é difícil ser a maior do continente e não se orgulhar.


Revisão: Luiza Parisi e Artur Santilli

Capa: Star Brothers

 

FONTES:


[1]: Bolsas e Parcelamentos - FECAP. Disponível em: <https://www.fecap.br/bolsas-parcelamentos/>. Acesso em 13 de setembro de 2023.

[2]: FECAP oferece bolsas de estudo para atletas. Disponível em: <https://www.fecap.br/2020/06/19/fecap-oferece-bolsas-de-estudo-para-atletas/>. Acesso em 13 de setembro de 2023.

[3]: Esportes Universitários | Universidade - Mackenzie. Disponível em: <https://www.mackenzie.br/universidade/pro-reitorias/pro-reitoria-de-extensao-e-cultura-prec/coordenadoria-de-esportes-e-representacao-estudantil-cere/esportes-universitarios>. Acesso em 13 de setembro de 2023.


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