Dentro de mim existe uma morte.
Mas não como a morte dos contos que ouvia.
Nela não existe acaso e nem sorte:
A morte do Eu que antes vivia.
É uma morte constante, um ciclo entrópico.
Rejuvenesce-me, assim apenas o novo Eu fica.
Como cresce meu cemitério interno,
De almas que eu tão bem conhecia.
Vejo meus rostos no caixão pleno:
Primeiro como espelho, seguindo em necrópsia.
Flores na mão e um vidro me separando,
Sorrir ou chorar depende do tom que estava cantando.
Já fui peixe que desafia as correntes
Dos juízes brutos e ardentes.
Tentei parar a certeza mortífera.
Mas Deus não dá asas à cobra,
Então fico aos meus e Ela aos seus,
A morte dentro de mim, enfim, são Eus.
– Sca, 18/08/20
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