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ESTAMPAS, PRIMEIRAS DAMAS E NAPOLEÃO III: UM BREVE PANORAMA ENTRE MODA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS



I. CONTEXTUALIZAÇÃO


Que a moda tem uma função social, todos sabemos. Porém, depende da interpretação de cada um se essa função é positiva, negativa, ou até mesmo relevante – há os que tomam os processos de confecção e desfile como uma forma de arte através da mensagem que os cortes e estampas transmitem. Por outro lado, há aqueles que escolhem afunilar o olhar para o setor da fast fashion da moda, que, assim como alguns outros mercados, tem sua parcela de escândalos concernentes ao uso de trabalho análogo à escravidão, mal uso de recursos naturais, entre vários outros. Finalmente, podemos citar as pessoas que simplesmente não veem a moda como importante o suficiente para as realizações pessoais e sociais: “é só um pedaço de tecido”, eles podem dizer.


Mas a verdade é que, independente do ponto de vista, a indústria da moda movimenta bilhões de dólares todos os anos (segundo dados da Fashion United, só em 2019 nos EUA, a indústria da moda bateu um valor de mercado de 406 bi¹) e, acima de tudo, é um setor extremamente globalizado – aspectos intrínsecos deste setor como os eventos, as passarelas, as exposições e até mesmo a fragmentação do processo produtivo contribuem infinitamente para o fomento do fluxo de pessoas, de mercadorias e de moeda e, finalmente, da globalização. Isto posto, discutimos a relação reflexiva entre moda e relações internacionais: como cada campo influencia e transforma o outro há mais de 200 anos.


II. A MODA E O SISTEMA CAPITALISTA: DE VERSALHES AO NASCIMENTO DO FAST-FASHION


Para narrarmos a história da moda como conhecemos hoje, vamos a Paris. Como a capital consegue, após tantos anos, se manter relevante neste campo? O que a história da moda francesa nos diz sobre a relação deste país para com os outros? Bom, é certo que o caráter revolucionário tipicamente francês não se limita a “apenas” questões sociais e políticas propriamente ditas, porque a França foi capaz de década após década, se reinventar e transmitir com maestria sua cultura, valores e arte através da moda para o plano internacional.


Os feitos franceses mais antigos que influenciaram a moda dos dias de hoje datam o século 17, com o Rei Sol. Seu jeito caricato de esbanjar roupas luxuosas, perucas enormes e salto alto nos eventos celebrados no interior do Palácio de Versalhes impulsionou a economia, a estética e a influência francesa para patamares não antes vistos. “Luxo era o novo ideal do rei: Os móveis, tecidos, roupas e indústria de jóias que ele estabeleceu não só assegurava o emprego de seus súditos, mas fez da França a líder mundial em gosto e tecnologia” tal como explica Renato Cunha, estilista e colunista do blog Stylo Urbano². Além disso, a França também contava com a boa administração de Jean-Baptiste Colbert no Ministério das Finanças, que, aproveitando a influência e fama de Luís XIV, engenhou o aquecimento da economia nacional ao fomentar as indústrias têxteis e de vestuário, assim, incrementando as exportações que o governo francês realizava.


Assim, paralelamente, nasce o Colbertismo ou, em outras palavras, o jeito francês de se fazer o mercantilismo, marcado pelo protecionismo, o zelo por uma balança comercial favorável (na qual as exportações sobrepõem às importações) e, finalmente o aumento da produção de manufaturas.. O grande diferencial desse modelo, contudo, é que a indústria prezava pela comercialização de produtos com alto valor agregado, tal como artigos de luxo, uma vez que a produção industrial na França não era tão eficiente como a Inglaterra demonstrava que poderia ser – ou seja, Colbert, junto ao rei Sol, incitaram tendências comerciais vistas até hoje: por um lado, temos um monarca que, ao desenvolver os primórdios da estética luxuosa francesa, fez com que o mundo, para sempre, prestasse atenção nos artigos que a França confeccionava e, por outro lado, vemos um ministro que, muito sabiamente, soube vender o olhar de Luís XVI para o mundo, agregando a este as noções de exclusividade e extravagância que nunca se perderam.


A França, quase dois séculos depois do reinado do rei Sol, enfrentou transformações nas mais diversas áreas da sociedade com a Revolução Francesa e o período Napoleônico que, sem dúvidas, impactaram a moda francesa sem tirá-la dos holofotes.


O mercado de luxo consolidado com o Colbertismo não sofreu grandes perdas durante este período. Na verdade, a Era Napoleônica (aqui tida sobretudo com o império de Napoleão III) foi a responsável por trazer mais mudanças a esse ramo tão importante do mercado francês: em meio às mudanças sociais, o império de Napoleão III, principalmente, foi responsável por resgatar os valores extravagantes de Luís XIV no contexto moderno e alavancá-los, reinventando os meios de produção na economia nacional e expandindo o alcance do mercado de luxo que se desenvolvia para novos consumidores – desde aristocratas até as massas. Desse modo, novamente a França é inserida no coração da moda e, consequentemente, do capitalismo.


Podemos começar a descrever este capítulo da história da moda francesa elucidando o fato de que a corte nacional não conseguiu mais atingir o nível de luxo e elegância visto no reinado de Luís XIV, qual era considerado importante na Era Napoleônica. Aliás, o prezo pelo luxo é apenas um dos valores do Antigo Regime que ambos Napoleão I e Napoleão III vão buscar resgatar durante seus impérios. Tal aspecto é visto, por exemplo, na retomada da determinação de que as mulheres da corte jamais deveriam repetir seus vestidos em diferentes festas e cerimônias ainda com Napoleão I³.


Em sucessão, o império de seu sobrinho trouxe verdadeiramente de volta o culto pelos artigos exuberantes característicos da época do rei Sol, como perucas e vestidos volumosos, as jóias e os tecidos mais caros na conjuntura moderna em que estava inserido, permitindo que, com essa retomada, tais elementos passassem a ser ressignificados. A começar com a criação da Haute Couture pelo primeiro estilista da história, Charles Worth⁴, em torno de 1868: através de suas criações inéditas sob medida para suas clientes, o estilista foi capaz de redirecionar o exibicionismo característico da moda francesa para a aristocracia (ou burguesia) mundial, colocando em suas vestimentas os valores de luxo e exclusividade que antes eram vistos somente nos nobres. Ou seja, ao inaugurar práticas do mercado da moda que são vistas até hoje, como os desfiles, as coleções sazonais e as criações de tendências dentro dos ateliês, Worth deu um novo fôlego aos valores estéticos do Antigo Regime tão caros aos imperadores da França do século XIX.


Além disso, não podemos deixar de citar como a moda reinventada por Worth, em compasso com o dia-a-dia na corte de Napoleão III, permitiu que Paris se restabelecesse como a capital da moda e, de forma direta, como tamanho reerguimento implicou no aumento poderio francês da época: se nos prendermos somente à aristocracia, podemos nos debruçar sobre os efeitos que os bailes e as cerimônias conduzidos por Napoleão III tinham, sobretudo, no prestígio que os franceses carregavam com o resgate da cultura pré-moderna – a concentração de nobres em volta da moda, dos valores e das cidades da França trouxe um aumento de acúmulo de riquezas por si só ao império. Porém, é muito importante destacar a preocupação que Luís Napoleão tinha para com a felicidade das massas: ainda em 1844, o imperador ressaltou como o progresso social só seria dado através da expansão do comércio e da industrialização, enfatizando também valores de igualdade e liberalismo econômico. Assim, inspirado pelo progresso técnico visto nas fábricas inglesas, Napoleão III estimulou a produção industrial e comercial francesa em congruência com os moldes de concorrência e leis de mercado liberais, a fim de garantir o apoio da burguesia e melhorar a condição de vida das massas.


Podemos perceber a origem do fast-fashion ainda neste período: como quase uma extensão da confection, o fast-fashion começa a dar seus primeiros passos na busca por atender o mercado consumidor emergente dos grandes centros urbanos, e, ainda no século XIX, os padrões atrativos de venda e mercado que instigam o comportamento consumidor moderno e pós-modernopassam a ser explorados. Ou seja, em última instância, podemos perceber com essa breve história da moda francesa que o setor de vestimentas, em graus diferentes, acompanha o desenvolvimento capitalista: tal como o dito popular “a moda segue o poder” (qual será explorado mais afundo adiante), percebemos a verdadeira mudança do foco de atenção da moda a sabor do recorte social que estivesse em destaque no momento, manifesto tanto na esfera doméstica – como visto na progressiva ampliação do alcance e consumo da moda na sociedade francesa iniciada com Napoleão III, visto a ascensão da burguesia – quanto na esfera internacional, com o destaque adquirido pela França através de sua constante reinvenção na moda.


III. A MODA E AS RELAÇÕES DE PODER


Poder é um dos temas mais centrais das RI e, após passarmos pela história da moda no contexto francês e sua proximidade com o capitalismo, podemos nos aprofundar um pouco sobre como a moda reflete as relações de poder interestatais.


Ainda na Europa, é interessante salientar as diferentes cidades que levaram o título de “capital da moda” ao longo dos séculos, a sabor do triunfo e decadência dos Estados que as continham. A título de exemplo, antes do reinado do próprio Luís XIV na França, a capital da moda no mundo ocidental era Madrid, visto que a Espanha pelo menos por mais de um século desfrutou de sua Idade de Ouro advinda de seu imenso e lucrativo império, estendido para além do Oceano Atlântico. Assim, com a economia espanhola em ascensão, a moda esbanjada pela Dinastia Habsburgo fora tida como a expressão máxima de luxo e riqueza: o estilo estreito, rígido e majoritariamente composto por tecidos tingidos de preto era cultuado e admirado não somente pelo design em si e pela mensagem de elegância e supremacia que transmitia, mas também porque refletia o poder que o império espanhol detinha frente aos demais. Dessa forma, a moda da corte espanhola foi exportada para o resto da Europa justamente porque outras cortes procuravam se espelhar na imagem dos Habsburgos, tanto através da realocação de espanhóis nobres para outros países europeus através de casamentos estratégicos (e assim, fisicamente disseminando os valores espanhóis pela Europa), como pelo grande estilo influente na política e cultura da figura de Catalina Micaela (filha de Felipe II) na moda do império⁷.


Assim, explicamos que a ‘moda segue o poder’ no contexto global, porque ela pode ser definida e inspirada por aqueles que se encontram no topo da sociedade internacional. Tal tendência é vista ainda nos dias atuais: com a ascensão da Ásia como um novo polo econômico e político, conseguimos perceber, quase que consequentemente, o crescimento também da atenção dada à moda produzida no continente. Hoje, testemunhamos com facilidade designers ocidentais tomando inspiração sob o que é confeccionado do outro lado do mundo, como já visto nas passarelas de Lenny Niemeyer (abaixo, coleção verão 2017) Alexander McQueen e Dries Van Noten.



Assim, como também percebemos a crescente presença do estilo asiático no mercado da moda mundial com o streetwear japonês, por exemplo, que também já conquistou mercado no Brasil⁸ .
















Dries Van Noten (inverno 2020)



















Alexander McQueen (inverno 2020)


Portanto, por mais que possamos atribuir o sucesso da inclusão de diferentes partes do mundo na moda, em parte, à globalização, não resta dúvidas de que o êxito do continente em se alavancar internacionalmente através da economia e política permitiu que seus valores culturais e estéticos fossem mais valorizados no mundo.


IV. A MODA COMO UM INSTRUMENTO DE SOFT POWER


Aos que não estão familiarizados com o conceito de soft power nas relações internacionais, ele basicamente diz respeito a todas as formas de influência e de manipulação de comportamento que Estados podem exercer sob uns aos outros que não envolvem coerção, tal como através da cultura e valores políticos⁹ , a fim de promover a atração, em vez da imposição. Sendo a moda, por sua vez, um traço fundamental (e bem atrativo) da cultura de um país, podemos identificar vários momentos em que ela auxiliou Estados a exercer soft power sob os outros e incitar comportamentos favoráveis.


A título de exemplo, o Reino Unido possui um histórico de vantagens obtidas através desse tipo de poder, como atraindo, quase como involuntariamente, jovens do mundo todo para as 6 das 20 melhores escolas de moda e design no mundo localizadas em seu território que juntas aceitam em torno de 1.500 alunos internacionais todos os anos¹⁰ – de acordo com o website da British Council, cerca de 22% de jovens localizados em países estratégicos para o Reino Unido consideram a moda como um fator atrativo a eles, enquanto 15% citaram o design. Além da influência no campo da educação na moda, podemos destacar a LFW, uma das quatro fashion weeks mais importantes, como o evento que mais transparece o potencial inovador concentrado nos britânicos, elevando a atenção dada às criações originárias de lá e, claro, a influência do Reino Unido como um todo.


Olhando por outro lado, a escolha de guarda-roupa das mulheres mais influentes na política, por exemplo, nunca passou despercebida pela mídia, pelo público ou pelos foreign publics¹¹ nacionais – pelo contrário, os agentes em questão apreciam o cuidado e o sinal de respeito prestados ao vestir um designer nativo do país em que visitam. Esse “simples gesto” possibilita também a troca cultural entre diferentes nacionalidades e, consequentemente, impulsiona o exercício de soft power. Em sua visita à Indonésia em 2010, por exemplo, Michelle Obama fez questão de usar estampas inspiradas pela técnica de decoração local, o Ikat, em grande parte de suas aparições públicas.


Tal viagem, por um ponto de vista estratégico e diplomático, acabou sendo muito favorável ao governo americano na época, com a iniciação de discussões de cunho econômico e cooperativo firmadas entre ambos os Estados envolvidos. Portanto, ao analisarmos o uso do soft power na visita à Indonésia, manifestado seja no discurso (um tanto quanto pessoal e emocionante)¹² do então presidente Barack Obama, seja nas sutis (e sagazes) escolhas de vestuário de Michelle, podemos inferir a importância desta ferramenta em eventos deste escopo.


Michelle Obama não é a única figura feminina relevante com um histórico de opções inteligentes de vestimenta quando em territórios estrangeiros: a princesa Diana também pode ser citada aqui, sobretudo no que tange as relações entre o Reino Unido e outros países. Tal como em uma de suas visitas aos Estados Unidos em que prestou homenagem à então primeira-dama Nancy Reagan, famosa por sempre usar vermelho (e até apelidada pela mídia de Red Reagan), com seu “red pocket dress”, fazendo que a própria ‘Reagan Red went global’. ¹³

Se nos propusermos a fazer uma análise mais profunda da realeza britânica, podemos concluir que ela configura uma verdadeira ferramenta de soft power como um todo, ao invés de propriamente impor políticas coercitivas (hard power), como poderia ser esperado de uma monarquia tão tradicional. Por mais que, desde o século 17, o Parlamento Inglês seja o grande protagonista da tomada de decisões do Estado britânico, é curioso perceber as reinvenções que a monarquia inglesa teve de sofrer para se manter consolidada frente ao progressivo detrimento de seu ruling power: rever alianças (tal como com a dinastia Romanov, que foi deposta na Revolução Russa de 1917)¹⁴ e até mudar o sobrenome da dinastia estão entre as políticas empregadas pela monarquia que permitiram sua manutenção.


Contudo, é crucial salientar como a figura da Princesa Diana, ainda no século XXI, alavancou o alcance do soft power do Reino Unido (e, consequentemente, a perpetuação da monarquia inglesa), justamente porque Diana atingiu um nível de fama jamais visto até então. Segundo a curadora da exposição “Diana: Her Fashion Story” de 2017, Eleri Lynn, o alcance que Diana e seu estilo tiveram foram sem precedentes, visto que ela entrou em cena em um momento em que a mídia estava mudando – com o surgimento de tabloides e da era digital, o impacto do seu guarda-roupa nas tendências populares tornou-se imediato, cujo efeito, Diana soube utilizar para comunicar suas mensagens e metas¹⁵ . Ainda de acordo com Lynn, a família real moderna projetava suas mensagens diplomáticas com suas roupas, e Diana sabia o que lhe era requerido, portanto, ela colaborava com designers para comunicar esta “regal, soft-power diplomacy” que era parte de seu trabalho. De tal forma, podemos inferir que, se não fosse pela figura de Diana, muito provavelmente o protagonismo da monarquia inglesa na mídia não seria tão expressivo e, portanto, sua capacidade de encantar e apelar para o público seria menos forte.


V. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS


Através deste artigo, procuramos elucidar as principais correspondências entre os campos da moda e das Relações Internacionais – como cada um pôde transformar o outro, seja por vias comerciais, passando pela história da França nos séculos 17 e 19 e a transição do Mercantilismo ao Capitalismo (liberal); por vias culturais, ao explicarmos a relação entre trocas culturais e exercício de influência através da moda e por relações de poder, ao narrarmos a difusão e exportação de valores estéticos e artísticos de sociedades e Estados influentes para o resto do mundo. Procuramos ainda transmitir a ideia mais central de que valores e noções humanas são primordiais para a condução de práticas e políticas institucionais, principalmente quando se trata do tamanho do vestido da rainha.





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Imagem da capa: CNN


¹(fashion united s.d.)

Worth recebeu muita atenção da burguesia moderna nos eventos de 1850, permitindo com que, em pouco tempo, o estilista se consolidasse no mercado. Adiante, Worth também foi responsável pela fundação do órgão ‘La Chambre Syndicale de la Confection et de la Couture pour Dames et Fillettes’, que definia as diferenças entre alta costura, que era o que Worth fazia, e a confection – que praticamente se limita a fabricação de roupas em massa para um mercado maior. Tais definições são mantidas até hoje.

(Joseph S. Nye 2005)

¹¹ Em tradução livre, são definidos como “constituintes globais com quem um país constrói relacionamentos através da diplomacia publica, sendo cada qual representante de opiniões publicas separadas. (Tam 2019)

¹⁴ Seria muito prejudicial para os britânicos ser associados aos Romanovs visto sua impopularidade na época, por mais que as famílias sejam parentes distantes. (https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-a-ligacao-entre-os-romanov-e-familia-real-britanica.phtml)


BIBLIOGRAFIA: ALÉM DO CITADO NAS NOTAS DE RODAPÉ

fashion united. n.d. "Global fashion industry statistics - International apparel." fashion united. Accessed novembro 30, 2020. https://fashionunited.com/global-fashion-industry-statistics/.

Joseph S. Nye, Jr. 2005. Soft Power: The Means to Success in World . PublicAffairs.

Tam, L., Kim, JN. n.d.

—. 2019.


Tam, L., Kim, JN. Who are publics in public diplomacy? Proposing a taxonomy of foreign publics as an intersection between symbolic environment and behavioral experiences. Place Brand Public Dipl15, 28–37 (2019). https://doi.org/10.1057/s41254-018-0104-z

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