O LEGADO DE PRETA GIL
- Carolina Setten
- 23 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de jul.

No dia 26 de abril de 2025, Gilberto Gil estava em turnê e pediu para que a sua filha, Preta Gil, subisse ao palco. Esse convite ocorreu para que ambos cantassem juntos a música “Drão”, composta por Gil em homenagem a sua ex-esposa e mãe de Preta, Sandra Gadelha. O que ninguém sabia era que, dali a alguns meses, essa seria considerada a última apresentação e a despedida de Preta dos palcos, antes de ela falecer durante um tratamento experimental contra câncer em Nova Iorque.
Quando Preta nasceu, o cartório não permitiu que seu nome fosse registrado sem a presença de um segundo, de preferência católico. Logo, Gil a nomeou de “Preta Maria". Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu em agosto de 1974, tendo como madrinha Gal Costa e como tio, Caetano Veloso. Criada rodeada por música e arte, Preta também começou a produzir as suas próprias composições e não demorou para que muitas de suas músicas caíssem na graça do público e se tornassem hits. Dona de um dos blocos de carnaval mais famosos do Rio, o Bloco Da Preta uniu – e ainda une – mais de 500 mil foliões por ano, cativados pelo sentimento de acolhimento e autenticidade. Ao se identificar como uma mulher bissexual, Preta se tornou um símbolo pioneiro e necessário para a sua geração, que carecia de vozes da comunidade LGBTQIAP+. Ela enfrentou críticas severas e represálias de diversos setores da sociedade.
No dia 20 de julho, o Brasil se despediu de Preta. Inúmeras personalidades nacionais prestaram homenagens a ela nas redes sociais, exaltando a representatividade e relevância da cantora em diferentes áreas culturais. Multiartista, empresária, carioca e bissexual, Preta se tornou um símbolo de resistência capaz de emocionar a todos com as suas composições, carregadas de sentimento e brasilidade. Dona de seis álbuns de estúdio, faleceu aos 50 anos, lutando contra um câncer no intestino, que persistiu mesmo após os tratamentos tradicionais, o que a levou a testar alternativas fora do país.
Preta sempre foi dona de uma personalidade notória. Assistindo às suas entrevistas antigas, é incrível notar como ela era capaz de conjugar carisma e temas sérios, além de conseguir contar histórias que permitiam à plateia se identificar e risse com as suas experiências. De alma leve, ela conseguia se fazer presente em qualquer ambiente. O falecimento de Preta é um lembrete de que temos que aproveitar a nossa vida ao máximo e ao lado daqueles que amamos. Um lembrete para defendermos as pautas que acreditamos e de que a vida humana é frágil.
Refletir sobre o falecimento de uma figura como Preta Gil comove até aqueles que não acompanhavam a sua carreira e, como disse a atriz Carolina Dieckmann em uma publicação feita para se despedir de sua amiga íntima: “Vai ser muito difícil, mas é uma bênção o tempo que tivemos… e nosso amor é muito maior. Vou morrer de saudade; mas vou viver com você aqui, dentro”. Descanse em paz, Preta. Encontre e cante com Gal aí em cima. O seu legado permanece. Você jamais será esquecida.
Autora: Carolina Setten
Revisores: Ana Carolina Clauss e Artur Santilli
Arte: Nicolas Floriano







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