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THE LIFE OF A SHOWGIRL: UMA RESENHA DA LIGA DE MUSIC BUSINESS

Um breve contexto…


Hoje em dia é difícil um jovem não conhecer a Taylor Swift, seja por seus incontáveis hits ou por seu envolvimento em numerosas polêmicas. A artista conta com 12 álbuns em sua carreira, que renderam 30 VMAs e 14 Grammys. Segundo o G1, ela é também a cantora mais rica do mundo, com um patrimônio líquido estimado em 1,6 bilhão de dólares.


The Life of a Showgirl é o 12º álbum de estúdio da Taylor Swift, lançado em 3 de outubro de 2025 pela Republic Records. No disco, ela volta a trabalhar com os produtores Max Martin e Shellback, os mesmos por trás de alguns dos maiores hits dos álbuns 1989 e Reputation. O álbum traz uma versão mais leve e divertida da Taylor, com um clima de celebração e amor, muito inspirado pela energia da The Eras Tour e pelo momento mais estável de sua vida pessoal. Com 12 faixas e pouco mais de 40 minutos, é um dos trabalhos mais diretos e coesos da cantora. A faixa-título, The Life of a Showgirl, fecha o disco em parceria com Sabrina Carpenter, que também abriu vários shows da turnê e, juntas, elas entregam um dueto cheio de charme e cumplicidade.


Polêmicas


Entretanto, nem tudo é flores na vida de showgirl. Para entender a maior polêmica na vida da Taylor, é preciso entender que as músicas gravadas na Big Machine, sua antiga gravadora, pertenciam à Big Machine. Em 2019, a gravadora foi comprada por Scooter Braun (ex-empresário de Justin Bieber), alguém com quem Taylor não se dava nada bem.


Mais tarde, Scooter vendeu os direitos de suas músicas para a empresa Shamrock sem a cantora saber. Ela não recebia o tanto quanto poderia de suas antigas gravações, e nem tinha muito poder sobre elas. Por isso, ela gravou novamente suas músicas e fez suas próprias versões, as “Taylor's Version”, das quais ela tinha total controle.


Em maio deste ano (2025), ela conseguiu comprar de volta todo o seu catálogo, e The Life of a Showgirl é o primeiro álbum lançado após ela ter recuperado os direitos sobre seu acervo musical, sendo uma consequência dessa retomada do controle criativo total sobre seu trabalho.


Mas o que é uma Showgirl?


As Showgirls eram mulheres que se apresentavam em bares e cabarés na Europa e depois nos Estados Unidos. Elas eram um exemplo de glamour, festas e moda, trazendo entretenimento e movimento ao mercado da arte quando se tornaram um símbolo turístico de Las Vegas.


Desse modo, Taylor faz uma comparação entre a própria vida e a de uma showgirl, como se ela fosse a versão contemporânea de uma. Não é de hoje que ela traz essa estética para seu trabalho, como foi visto anteriormente em Bejeweled, mas nesse álbum ela surpreendeu com a estética alegre e glamourizada, como é possível ver no clipe de The Fate of Ophelia.


O clipe inicia com Taylor no quadro de Ofélia e depois mostra uma sequência de cenas extremamente vibrantes da cantora em seus momentos showgirl e bastidores, o que relembra que o álbum foi feito durante a turnê The Eras Tour sobre a vida pessoal dela, uma época bem festiva e animada, como a estética do álbum.


Por fim, as capas de The Life of a Showgirl em geral merecem destaque à parte. Com uma estética fortemente teatral, elas abraçam por completo o conceito de showgirl, misturando brilho, drama e espetáculo visual. Cada imagem parece saída de um palco iluminado, com figurinos, poses e cores que chamam imediatamente a atenção. É um visual ousado, que marca uma nova fase estética na carreira da Taylor: mais performática, confiante e cinematográfica. Arrisco dizer que este é um dos melhores visuais que ela já apresentou, equilibrando perfeitamente elegância e exagero pop.


The Life of a Showgirl: estética


Dentre tantas fotos e tantas possibilidades de capa, a escolhida, mesmo não sendo a mais bonita – segundo alguns comentários na internet – é a que mais faz sentido no contexto do álbum. Primeiramente, precisamos relembrar a história de Hamlet, porque, acredite ou não, tem tudo a ver.


A peça conta a história do príncipe Hamlet, que descobre, por meio do fantasma de seu pai, que ele foi assassinado pelo próprio irmão, agora rei. Fingindo loucura para investigar o crime, Hamlet acaba rejeitando Ofélia, sua amada. Ofélia, uma jovem doce e obediente, sofre com a desaprovação do pai em relação ao relacionamento e, após Hamlet matar seu pai por engano, enlouquece. Ela passa a cantar canções tristes e, em um momento trágico, se afoga em um lago sem que o texto deixe claro se foi acidente ou suicídio.


Nada foi confirmado, mas talvez esse momento de loucura de Ofélia simbolize o período difícil do pós-término com Joe Alwyn, com quem Taylor teve um relacionamento de 6 anos. Desse modo, as músicas tristes que Ofélia canta seriam comparáveis ao The Tortured Poets Department – décimo primeiro álbum da cantora. Ao contrário de Ofélia, Taylor foi salva, como canta na música The Fate of Ophelia.


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Quadro Ofélia - John Everett Millais


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The Life of a Showgirl - Taylor Swift


The Life of a Showgirl: músicas


The Life of a Showgirl apresenta uma sequência de 12 músicas que exploram diferentes temas, entre eles o amor, a fama e a autorreflexão. A abertura, The Fate of Ophelia, traz referências literárias e melancolia poética, enquanto Elizabeth Taylor reflete sobre identidade e legado no universo da celebridade. Opalite conecta-se a simbolismos pessoais e brilho interior e Father Figure aborda relações de poder e influência, com alusões a George Michael. Em Eldest Daughter, Taylor mergulha em uma perspectiva mais íntima sobre expectativas familiares, contrastando com a tensão emocional de Ruin the Friendship e a ironia de Actually Romantic. Já Wi$h Li$t brinca com o materialismo e os desejos modernos, enquanto Wood se destaca por ser uma das faixas mais curtas e intensas. CANCELLED! traz uma crítica direta à cultura do cancelamento, e Honey oferece um tom mais suave e afetuoso antes da faixa final, The Life of a Showgirl, em colaboração com Sabrina Carpenter, que encerra o álbum como uma reflexão sobre o preço emocional da fama e a construção da própria imagem pública.


Musicalmente, o panorama muda. Retomando a parceria com os produtores, Taylor entrega uma versão mais madura do pop comercial com o qual ela tanto fez sucesso antigamente. Ainda assim, o álbum não cumpre totalmente a missão narrativa a que se propõe, justamente por não dialogar plenamente com a estética vibrante e teatral das imagens divulgadas antes do lançamento. Apesar disso, a cantora tem um histórico curioso: quase sempre é criticada no lançamento de seus discos e, com o tempo, eles acabam sendo revisitados e ganhando um grande reconhecimento mundial.


As reações ao novo trabalho têm sido intensas. Muitos fãs esperavam algo mais vibrante, divertido e teatral, considerando a estética das imagens de divulgação e das capas, mas se depararam com um pop mais básico e homogêneo. Há também críticas à produção, vista como repetitiva, e às letras, consideradas rasas em alguns momentos. Por outro lado, a performance vocal de Taylor foi bastante elogiada, especialmente nas faixas The Fate of Ophelia, Opalite e The Life of a Showgirl.


Pessoalmente, as duas primeiras faixas se destacam como o ponto alto do disco, trazendo aquela essência de composição que é a cara da Taylor. Actually Romantic é interessante como diss track, embora soe previsível — principalmente quando comparada a Sympathy is a Knife, música da Charli XCX que teria inspirado a resposta de Taylor. Enquanto Charli aborda o fim de um relacionamento de forma mais afiada e provocante, Taylor responde com uma visão mais leve e irônica, porém menos impactante. A faixa-título, por sua vez, parece promissora, mas não se sustenta isoladamente e perde força dentro do conjunto. CANCELLED! e Honey são agradáveis de ouvir, mas apresentam letras um pouco inusitadas.


No fim, The Life of a Showgirl não entra no top 3 de melhores álbuns da carreira de Taylor Swift e talvez nem precise. É um disco que demonstra sua evolução artística dentro do pop, ainda que sem reinventar ou surpreender. Fica a sensação de que a cantora quis revisitar suas eras mais eletrônicas e animadas, mas o resultado ficou entre o seguro e o previsível. Talvez a maior lição aqui seja aceitar isso: nem todo álbum precisa ser revolucionário. The Life of a Showgirl é, acima de tudo, um retrato de uma artista que já conquistou o que precisava e que agora, simplesmente, escolhe usufruir sob os holofotes que ela mesma acendeu. Por isso, o álbum leva uma nota 6.5/10, competente e bem produzido, mas sem a originalidade que se esperava de um novo capítulo na trajetória de Taylor.


Autoria: Liga de Music Business

Revisão: Ana Clara Jabur, Artur Santilli e Pedro Anelli

Arte: Nicolas Floriano

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