Gabriel Linares nos enviou mais uma de suas poesias. O espaço aberto e a Gazeta Vargas agradecem muito! Apreciem...
Entre nós, um muro.
Invisível, porém forte.
Relação de evitação.
Desejo.
Construía,
o meu Júlio César, e'a sua Cleópatra.
Linda ela.
Roupas, eram continente.
Cabelo, era mundo.
Sorriso, inexiste.
De abraço.
Me chama, me acalma.
Intransponível.
Poderoso ele.
Pai de Roma.
Sábio dos sábios.
Dono do mundo.
Frágil.
Mas o escudo longo;
sim, ele.
Motivo? Proteção?
Tudo o que quer-se é carinho.
O mais simples dele.
Aquele que o dedo dá voltas nos cabelos.
A felicidade quebrava paradigmas.
Parecia a melhor forma de atração.
Mutuamente perfeitos,
nos distanciávamos.
A grosseira inocência de ser você mesma.
A pífia ideia d'eu ser uma boa pessoa.
Fortalecia, enrijecia.
Dois gigantes.
No metafísico:
volúpia.
Concretude:
doloroso muro.
Distantemente, as coisas melhoravam.
Pensamento: tocava e beijava;
fazíamos de tudo.
Lado a lado, o muro.
Repressão do olhar, das coisas banais.
Belo, grande e resistente.
Mas, ainda assim, um muro.
Um muro, entre nós.
O muro, duplamente real,
foi construído por mim.
Gabriel Linares, maio de 2019
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