Atlas, vire-se de lado
enquanto eu carrego
o peso do céu
Não deixe, sem nenhum recado
que o peso espante
algum favo de mel
Na flor restante,
um sinal de pureza,
sinal de alegria
em tanta tristeza
Do choro que pede
para ser criança,
angústia que exige
maior esperança
Por que o inexplicável
se mostra instável
e te torna assim?
Não deixe que saibam,
pois já não lhe falam
se é bom ou ruim
Atlas,
me ensine o que sabe,
não deixe que eu acabe
com o mundo em mim
Me mostre
a parte do mar
onde ousa sonhar
com o mais novo capim
Com flores
de todos sabores
que em meio a suas cores
não falam, por fim
O segredo
para florescer
quando não parecer
ter mais sol no jardim
Atlas,
me ensine a parar
quando não aguentar
mais o sol amarelo
Raiando
em minha direção
com sua radiação
sem seu olhar singelo
Que destrói
o mais forte dos deuses
sem ver que, às vezes,
o forte não é belo
O forte
é seguir em frente
mesmo que seu norte
lhe saia da mente
É seguir
com a cabeça erguida
mesmo que a saída
não seja evidente
O belo
é o saber sincero
e a humildade eterna
em pura harmonia
Em Atlas,
é achar no peso
e em qualquer desprezo
uma nova poesia
Autoria: Thomás Furtado Danelon
Revisão: Beatriz Nassar e André Rhinow
Imagem de capa: Atlas de Michael Creese
Este poema me tocou, pois representa o caminho da vida. Caia dez vezes e levante onze. A necessidade de perseverança do ser humano mesmo em dias tristes e difíceis é devidamente retratada no poema deste jovem escritor.