top of page

Quem sobrevive 100 anos?



O Copacabana Palace fez 100 anos em agosto. Nesse século de história, tivemos os pelos do chihuahua de Zsa Zsa Gabor se tornando o bigode de carnaval de Jorginho Guinle, mulheres em casacos de pele para ouvir Nat King Cole nos 40°C da Avenida Atlântica e, agora, Sabrina Sato com plumas artificiais no Baile da Vogue com o cancelamento dos pelos e das peles — de chihuahuas ou de visons. O fato é que os tempos mudaram e ninguém escapa às transformações da história.


O Palace do Rio foi vendido para o Belmond, gigante dos hotéis, enquanto a Maternidade Condessa Filomena era arrematada por outro grupo francês que dela faria a Cidade Matarazzo de São Paulo. As transformações chegaram às duas metrópoles e seus patrimônios históricos não puderam senão ser adaptados para caber nos nossos anos 20. Mas como os clássicos resistem ao tempo?


Costanza Pascolato, que muitos dizem ser a papisa do estilo no Brasil, fala que o clássico nunca sai de moda. E, por falar nisso, Iris Apfel, ícone da moda que já virou documentário e exposição no MET, fez 102 anos com 2,8 milhões de seguidores a aplaudindo de NY para o mundo. Ela diz ser a adolescente mais velha do mundo. Quer adaptação melhor? O Copacabana Palace e Iris Apfel são clássicos que sobrevivem ao tempo porque sempre têm algo a dizer. São, depois de clássicos, modernos.


Darwin, para quem entende bem, já explicou o porquê da sobrevivência. Eu, que só entendo de perfumaria, traduzo: adaptar-se é fazer caber. Um hotel e uma influencer que juntos somam 202 anos só são relevantes em 2023 porque cabem; porque falam e se posicionam. Não existe clássico blasé. Não existe clássico mudo. E para que o discurso funcione e caiba, é preciso ser atual. E o clássico só é clássico porque é consistente.


O Palace é carioca. A Iris Apfel é maximalista. Isso é consistência. Ser carioca e ser max são coisas que se adaptam, que se transformam com o tempo, mas que têm alma, têm coluna vertebral, têm raiz. Ser carioca em 2023 não é ser carioca em 1923 – nesse in between está a chave da sobrevivência.


Em 1923, ser um hotel carioca era sediar o Miss Rio para os endinheirados verem. Em 2023, é pôr as Escolas de Samba e o DJ Alok para a Praia de Copacabana dançar.


O clássico só não sai de moda porque a moda acompanha o clássico (que a inspira) e o clássico acompanha a moda (que o transforma). Não é seguir as trends de Tiktok daqui e dali, mas ser consistente à alma da coisa e ser atento às grandes mudanças de hábitos e de costumes.


O Copacabana Palace e Iris Apfel transformaram-se e adaptaram-se. São os cases de sucesso que festejaram a longevidade nesses últimos meses. E, pensando nessa junção dos sucessos do Rio e de Nova York, fica a dica para o Cidade Matarazzo, que quer virar um clássico e, sobretudo, para os paulistanos: nunca é tempo de ser blasé.



0 comentário

Comments


bottom of page