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Música para leitura: Black Sabbath, do álbum Black Sabbath, da banda Black Sabbath


Eu tinha uns 9 ou 10 anos quando joguei Guitar Hero pela primeira vez. Foi no mesmo dia que conheci Iron Man, de um tal de Sábado Preto ou alguma coisa assim. Depois de apanhar um pouco pro solo no jogo, fui pro YouTube procurar mais sobre esses caras, e pronto: nascia uma paixão pelo Black Sabbath.


Aos 13, quando ganhei um violão de natal, a primeira música que tentei tocar foi justamente Iron Man. Por volta dos 15, tive o primeiro susto com uma foto em preto e branco do Ozzy no Instagram. Aos 17, surgiu a vontade de aprender a tocar baixo depois de ouvir a introdução de Geezer Butler em N.I.B., e aos 18, a melancolia de assistir os fundadores do Heavy Metal tocando juntos num palco uma última vez.


É difícil descrever a influência do Black Sabbath não somente na música, mas na minha vida. Nessa primeira, eles literalmente inventaram o que se tornaria um dos maiores gêneros musicais da história, o Heavy Metal, com letras sombrias, acordes fortes e riffs poderosos produzidos pela genial mente do guitarrista Tony Iommi. Na segunda, acho que posso dizer que fui acompanhado pela banda desde o dia em que os conheci: eu viajei com o Iron Man, protestei com War Pigs, enlouqueci com Paranoid, me apaixonei com N.I.B. e Sabbra Cadabra, terminei com Changes, e por aí vai. Eu criei um novo gosto musical, e graças a isso fiz amigos, tive incríveis experiências — basicamente, me tornei quem sou hoje. Tudo graças aos quatro garotos de Birmingham revoltados com toda aquela baboseira de “All You Need is Love”. Tudo graças ao Black Sabbath.


Ver essa banda tão importante para mim e para a música como um todo se apresentar pela última vez, com os membros já debilitados pela idade, doenças, drogas e eventuais cabeças de morcego aqui e ali, o pensamento que tive foi um simples “uau”. Não conseguia nem formular algo mais complexo. Ali, estavam lendas. Ali, estavam quatro dos maiores músicos que já pisaram nesta terra — e que, infelizmente, logo vão deixá-la. Confesso: dói um pouco saber que terei de explicar aos meus filhos quem foi Ozzy Osbourne, e não quem é.


Mas além da tristeza de saber que eles se vão, há também a felicidade de saber que eles vieram. É aquele clichê: não chore porque acabou, sorria porque aconteceu. Quando penso no Black Sabbath, o que vem primeiro na minha mente são as memórias de jogar Iron Man no Guitar Hero até os dedos doerem, de viajar ouvindo os clássicos, de contar as histórias malucas dos bastidores para a minha mãe.


Acho que, no final das contas, por mais pesados que sejam os riffs, por mais sombrias que sejam as letras, o Black Sabbath é um sinônimo de felicidade, de se encontrar num mundo perdido e achar seu lugar – por mais caótico que seja. É um exemplo de resiliência, de doar até a última gota de sangue fazendo o que ama. É o começo de tudo — de um gênero musical, de uma filosofia de arte, de uma geração. É prazer, é amor, é liberdade. É Black Sabbath.


Autoria: Pedro Anelli Bastos Revisão: Ana Clara Jabur Imagem da capa: Pinterest


 
 
 

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