Mariana Püschel, aluna do segundo semestre de Direito, mandou ao nosso Espaço Aberto um texto sobre o sentimento de agonia traduzido do alemão e emancipado pelas outras demais línguas existentes.
Procurava uma palavra pra definir sentimento tão complicado e estranho que vinha sentindo.
Busquei em um milhão de lugares, mas não a encontrava. Até que recorri a meu belo e velho alemão, cujas palavras expressam as mais remotas ideias e sentimentos especiais. Em um primeiro momento, traduz-se por agonia. Sinto que meu ser vive numa agonia de estar vivendo um presente conturbado por um passado conflituoso e à espera de um futuro incerto. Sinto-me em uma ânsia, um desespero: sou um trovão dentro de uma bola frágil de cristal. Busco em outros lugares, encontro a palavra saudade como tradução. Vejo que também faz sentido, isso porque penso em um alguém que se foi para um lugar tão longe e que demorará para voltar. Sinto a dor da tristeza da falta cotidiana que esse ele me faz. Sinto falta de risadas, briguinhas, planos, sonhos, abraços... Sinto-me uma brisa dentro de uma caixa que está ficando translúcida com o tempo.
Por fim, descobri que pode significar nostalgia. Que bela palavra, um suspiro. Tempo que se foi, turbilhão de sensações. Dores. Alegrias. Uma vida.
Sehnsucht, eu te sinto, eu te venero e de ti dependo. Talvez seja só por hoje, talvez seja até que esse ciclo inacabado se complete ou talvez nunca se vá, talvez seja uma parte essencial da minha pessoa, meu infinito.
Despeço-me desta palavra com a letra do incrível Jobim:
“Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
Mas se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda
Que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim.”
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