Economíadas. O evento do ano na GV. Já tentei escrever sobre ele mil vezes, e mil vezes falhei. Não me vinham ideias que não fossem os clichês das festas e dos jogos. Mas, talvez, eu estivesse focando nas coisas erradas. Porque o que de fato me motiva a ir ao economíadas não é essa bagunça e esse caos de que tanto se fala. Na verdade, é algo muito mais simples, mas infinitamente complexo: meu time de basquete.
Difícil falar em time sem cair na palavra "família", mas antes de explicar o que esse termo significa para mim, preciso fazer uma breve contextualização.
Esses últimos meses foram, provavelmente, os mais difíceis da minha vida. Desses que pegam a caixinha de certezas que guardamos com todo cuidado e a viram de ponta-cabeça. Desses que nos fazem sentir à flor da pele. Escrevo tudo aqui no passado como se fosse um furacão que já passou. Mas assemelha-se mais a um tsunami, que continua a me carregar em sua onda, a qual parece interminável.
Simultaneamente a isso, o basquete também passou por um turbilhão. Vivemos um final de semestre cheio de conflitos. Precisamos demitir nosso técnico e, em meio à confusão que são as férias, com cada uma em um canto do mundo e em um lugar na vida, buscar outro treinador. E, agora, vivemos um novo desafio, redescobrir nosso time com um novo técnico, novo semestre e novos desafios pela frente.
A intersecção dessas duas ondas convergentes poderia ter, no mínimo, aumentado o tsunami. Mas, na verdade, contrariando todas as leis da física, elas geraram uma calmaria.
No início, tentei seguir no basquete a mesma regra que me impus em todos os aspectos da minha vida, erguer um muro para esconder o tsunami a qualquer custo. Não queria que me achassem fraca, não queria ser "café-com-leite", não queria que outros duvidassem da minha capacidade quando nem eu mais acreditava nela. Não queria não conseguir, mesmo quando claramente não estava dando conta.
Porém, foi em uma conversa no carro com uma das minhas melhores amigas, que também compartilha o cargo de diretora de modalidade comigo, que me abri como uma enxurrada. E foi também em um carro que me vi forçada a contar ao meu técnico o que estava acontecendo quando estávamos a caminho de um jogo. Talvez eu devesse odiar carros, esse ambiente fechado que me confina e que me obrigou, duas vezes, a me abrir. Mas, na verdade, devo a eles minha sincera gratidão, porque dessas conversas surgiu uma abertura no muro que eu havia construído para tentar conter o tsunami.
Deixei de escondê-lo e, ao invés do julgamento que esperava, me vi rodeada de apoio. Seja pelos abraços, pelas mensagens que recebi ou pelas conversas que tive, cada uma das meninas encontrou um jeito de me fazer sentir menos sozinha. Isso não solucionou os problemas, nem barrou o tsunami, mas é como uma boia salva-vidas no meio do mar, algo a que posso me segurar.
Então, foi nesses últimos meses que descobri o que realmente significa ser um time. Sim, um time é uma família, mas não daquelas perfeitas dos filmes americanos. Um time é uma família um pouco disfuncional, que briga e desbriga, que discorda e concorda, que se afasta e se aproxima, mas que, quando as coisas apertam, está sempre lá, para o que der e vier. Um time é uma família porque sabe o que significa união.
Portanto, voltando aqui ao início do texto, Economíadas. A convivência intensa como time que tivemos no de 2022 me proporcionou uma das melhores experiências que já vivi. Porém, não sei o que esperar dele esse ano, como meu tsunami irá se comportar diante de condições tão imprevisíveis (e não só as meteorológicas). Considerei não ir, por medo de transbordar. Mas, essas ondas convergentes continuam a contrariar as leis da física e, mesmo em meio ao turbilhão que o basquete está vivendo, é meu time que me motiva a ir, por saber que, quando estou com elas, posso extravasar, não preciso conter o tsunami. Continuo sem saber o que esperar, mas, com essa família um pouco caótica que é o basqfem, sei que, independente da direção que a maré nos levar, será uma experiência incrível.
Vai aqui meu sincero obrigada a cada integrante desse time tão especial que é o basqfem, por não me deixar naufragar sozinha no meu tsunami e VAMO QUE VAMO NO ECONO.
Autoria: Sofia Nishioka Almeida
Revisão: Laura Freitas e Luiza Parisi
Imagem de capa: Foto por Sofia Nishioka Almeida
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