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USP EM GREVE: A FALTA DE PROFESSORES EM UMA DAS MAIORES UNIVERSIDADES PÚBLICAS DA AMÉRICA LATINA


No final de setembro, iniciou-se uma greve estudantil na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Desde então, a paralisação se estendeu para todas as unidades da USP com a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA), a Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), a Faculdade de Odontologia (FOUSP) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) sendo as últimas a aderir ao boicote às aulas.


As demandas dos alunos foram condensadas em cinco eixos: a contratação de professores, o aumento de auxílio para permanência estudantil, melhorias na estrutura da USP Leste, a promoção de um vestibular indígena e a valorização dos direitos dos estudantes.

Nesse sentido, a principal questão levantada é a extinção e o cancelamento de disciplinas devido à falta de professores, com destaque para os cursos de Letras e Artes Visuais – o segundo assistiu a onze de suas matérias (um terço do curso) sendo canceladas apenas neste semestre.


No curso de Letras, a falta de professores de coreano é uma das pautas discutidas. De acordo com uma pesquisa interna realizada por uma comissão de alunos da faculdade, concluiu-se que quase metade dos estudantes ingressantes de 2023 procuram pelo curso de habilitação em língua coreana, que apesar de ser o único no nível de graduação em toda a América Latina, possui seu corpo docente formado por uma única professora: Yun Jung Im.


“O papel de uma universidade pública como a USP, principalmente no curso de Letras, é formar professores de línguas. E nós precisamos de professores de coreano. Essa demanda está crescendo rápido [...] Temos um contingente enorme de pessoas querendo estudar”, afirma Yun.


No dia 28 de setembro, houve uma reunião entre representantes acadêmicos com a reitoria da USP, na qual os dirigentes afirmaram que as reivindicações são inacessíveis e nenhum acordo foi estabelecido, alongando a greve. Um dia depois (29), em carta aberta ao alunato, os diretores das quase cinquenta faculdades, museus e institutos defenderam a universidade, reforçando seus esforços e comprometimento na contratação de docentes e na ampliação de políticas de inclusão e permanência de estudantes.


Entretanto, o discurso não foi bem recebido pelos líderes discentes. Segundo a diretora do Centro Acadêmico de Letras, Mandi Coelho, a falta de disposição ao diálogo e de preocupação dos gestores em atender as demandas apresentadas é o motivo da extensão da paralisação. Ainda, a presidente da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) argumenta que as contratações não têm sido suficientes para suprir as necessidades em questão: “continua havendo perdas, as pessoas continuam morrendo, se aposentando, sendo desligadas por exoneração ou outro motivo [...] Desde janeiro de 2022, segundo o nosso levantamento, 305 professores deixaram a universidade”.


Na semana que se segue, alunos de todas as faculdades da USP aderem à greve estudantil e as aulas estão completamente paralisadas em grande parte da instituição. Enquanto isso, o futuro das reivindicações se encontra incerto.


Autoria: Gabrielle Park

Revisão: Luiza Parisi e André Rhinow

Capa: Sebastião Moura

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REFERÊNCIAS:

[1]: LUCCA, Bruno. Greve de estudantes da USP chega a todas as unidades da capital. Folha de São Paulo, setembro de 2023. Disponível em:

[2]: MONITCHELE, Marília. Greve na USP: cursos podem ser extintos por falta de professores. Veja, setembro de 2023. Disponível em:

[3]: BERNARDO, Jessica. Diretores da USP divulgam carta aberta em defesa da universidade. Metrópoles, setembro de 2023. Disponível em:

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