ELEIÇÕES CA 2025: ENTREVISTA COM A CHAPA AURORA
- Erick Martins Rosario
- há 1 dia
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Com o fim do ano se aproximando, as alunas e os alunos da EDESP se preparam para mais uma eleição do Centro Acadêmico Direito GV (CA). Depois de um pleito muito agitado em 2024, que resultou na vitória da Chapa Nova Alvorada após a impugnação da Chapa Horizonte pela Comissão Eleitoral, o alunato vai novamente às urnas digitais nos dias 20 e 21 de dezembro.
Surpreendentemente, a eleição para a próxima gestão do CA em nada repete a do último ano. Pelo contrário, as primeiras datas previstas para o pleito precisaram ser, inclusive, adiadas por falta de envio de candidaturas. Somente em 12 de dezembro, as alunas e os alunos de Direito finalmente puderam conhecer os candidatos à administração da entidade representativa: em candidatura única, a Chapa Aurora.
Neste texto, a Gazeta Vargas entrevista os representantes da Chapa Aurora, buscando entender melhor quais são seus planos para a Gestão 2026. A sabatina da chapa acontecerá na próxima sexta-feira (19) às 19h30, momento em que todo alunato poderá dirigir perguntas à chapa.
Como gostariam de apresentar-se para o alunato?
A Chapa Aurora tem como objeto de enorme preocupação a relação que estabelecerá com o alunato. Assim, gostaríamos que os alunos nos conhecessem pelo nosso planejamento de fortalecimento das boas ações realizadas na gestão anterior, porém, mantendo em mente que nos esforçaremos arduamente para nos aproximarmos cada vez mais do corpo discente, sendo essencial mencionarmos os pilares que nos guiarão no decorrer de todo 2026: transparência, equilíbrio e acolhimento.
Logo, buscaremos realizar mudanças estratégicas quanto à gerência do Centro Acadêmico, assim como aumentar cada vez mais os canais de ouvidoria e pontos de conexão entre nós e os alunos. Até porque, reconhecemos que a tarefa de representar um grupo tão diverso exige que tenhamos a devida responsabilidade para tratarmos de seus diferentes interesses e demandas.
Além disso, a composição de nossa chapa não se restringe a um pequeno grupo, mas sim, de um composto por alunos com diferentes perfis, bem como também múltiplas perspectivas quanto à EDESP. Isso se torna essencial para o processo de tomada de decisão e efetivação de políticas a medida em que exige a priorização da interpretação conjunta da gama de demandas do alunato.
Outro aspecto que dialoga diretamente com a nossa apresentação é a construção da imagem da Chapa Aurora. O Centro Acadêmico não pode ser visto como uma turma “paralela” de alunos da Fundação, ou seja, é um grupo que não pode ser banalizado. Sentimos que precisamos transmitir aos alunos a devida confiança no trabalho que é feito, sem a criação de estereótipos.
Por fim, gostaríamos de convidar todos os alunos a ler nossa carta proposta, lá descrevemos de maneira detalhada quais os nossos objetivos e propostas para o ano de 2026. Em caso de eventuais dúvidas, sintam-se livres para contatarem qualquer um de nossos membros, estamos aqui para ouví-los!
Um dos temas centrais da última eleição ao Centro Acadêmico, e também de toda a
gestão de 2025, foi a situação financeira do CA. A Gazeta, inclusive, publicou a
reportagem O que aconteceu com as contas do CA?, na qual diferentes pessoas
envolvidas com a entidade relataram problemas na prestação de contas junto à
Controladoria da FGV. De acordo com as pessoas ouvidas, as contas apenas teriam sido
regularizadas ao decorrer deste ano resultando, inclusive, na suspensão temporária dos
repasses da Fundação. Diante desse histórico, quais foram os principais aprendizados
deixados pelos erros e acertos das gestões anteriores? E, olhando para frente, vocês se
sentem preparados para garantir transparência, organização financeira e evitar que um
novo congelamento de repasses volte a ocorrer?
Um dos principais equívocos das gestões de 2024 e anteriores foi a ausência de organização sistemática e de uma rotina consistente de prestação de contas junto à Controladoria. A falta de disciplina na organização contínua das notas fiscais, somada à inexistência de práticas financeiras voltadas à melhor utilização dos recursos do Centro Acadêmico, acabou comprometendo a regularidade dos repasses, como mencionado na pergunta.
Como aprendizado, a gestão de 2025 demonstrou que a realização de eventos e iniciativas do Centro Acadêmico depende diretamente de uma diretoria financeira comprometida, estruturada e em diálogo permanente com a Controladoria da FGV. Além disso, identificamos como um importante acerto a alteração da conta bancária principal do CA, tendo em vista que a anterior implicava elevados custos mensais, bem como a adoção de investimentos de baixo risco como estratégia de fortalecimento do caixa. Essas medidas evidenciam que a atuação da diretoria financeira não deve se limitar ao cumprimento das exigências junto à Controladoria, mas também envolver a proposição de soluções financeiras capazes de aprimorar a saúde bancária da entidade.
A partir dessa experiência, reafirmamos nosso compromisso em manter organização e disciplina nos processos financeiros e em avançar na transparência das decisões, um aspecto que reconhecemos como uma fragilidade da gestão atual e que deve ser aprimorado nas próximas administrações.
O essencial é garantir uma prestação de contas contínua, responsável e rigorosa, alinhando o planejamento financeiro das áreas às necessidades reais do alunato e ao momento institucional do Centro Acadêmico. A Chapa Autora pode garantir comprometimento pleno à esse objetivo, com disciplina e organização das contas, justamente pois entendemos a importância do repasse para as atividades em benefício do alunato.
Parte da diretoria da Chapa Aurora integrou a gestão da Chapa Nova Alvorada, seja como colaboradores ou coordenadores, mas sem ocupar cargos de direção. Na avaliação de vocês, essa ausência de experiência prévia em funções diretivas pode impactar, de alguma forma, a condução da gestão? Além disso, quais consideram ter sido os principais acertos da Chapa Nova Alvorada que pretendem preservar? E, em sentido oposto, que aspectos ou ações da última gestão vocês entendem que precisam ser revistos ou aprimorados?
Embora não haja membros da atual diretoria da Chapa Nova Alvorada compondo formalmente a gestão da Chapa Aurora, parte significativa de nossos integrantes já participou ativamente das atividades do Centro Acadêmico ao longo de 2025, seja como colaboradores ou coordenadores de áreas estratégicas. Esse envolvimento prévio nos permitiu conhecer, na prática, o funcionamento do CA, suas rotinas, desafios e responsabilidades.
Como exemplo, Nicolly Bispo, candidata à presidência, atuou como colaboradora da área de Permanência, uma das frentes com maior demanda, e teve a oportunidade de aprender diretamente com o atual diretor, Rauhã Capitão, conhecimento que irá ser transmitido à futura diretora da área, Eduarda Calado. Da mesma forma, a candidata à diretoria de Eventos, Ana Karoline Cavalcanti, participou ativamente da organização de um Churras de grande sucesso ao lado de Gabriela Andretta. Processos semelhantes ocorreram também na área de Criação, com a futura diretora da área, Sarah Costa, que foi colaboradora na chapa Nova Alvorada. Nesse sentido, entendemos que algumas áreas vêm passando por uma sucessão natural, o que reduz eventuais impactos da ausência de experiência prévia em cargos diretivos.
Além disso, confiamos que o período de cogestão com a Chapa Nova Alvorada será fundamental. Esperamos uma transição intensa e colaborativa, capaz de garantir a aquisição de experiência prática para que a nova gestão assuma suas funções com segurança e naturalidade. A atual gestão tem demonstrado compromisso com os valores apresentados em sua candidatura, especialmente no que diz respeito à integração, e não vemos motivos para que esse espírito não se mantenha durante o processo de transição.
Quanto aos principais acertos da Chapa Nova Alvorada, é impossível não destacar a regularização do repasse financeiro, que representa um marco fundamental para o funcionamento do Centro Acadêmico. A nossa principal preocupação é assegurar que as prestações de contas continuem sendo realizadas de forma rigorosa e adequada, garantindo a continuidade desse repasse, que é essencial para viabilizar todas as demais atividades do CA. Também destacamos positivamente as políticas de permanência voltadas aos bolsistas, em especial a política de alimentação, que consideramos indispensável e que pretendemos não apenas manter, mas fortalecer.
Por outro lado, entendemos que a gestão anterior apresentou limitações no exercício de uma de suas funções centrais: a representação do corpo discente. O Centro Acadêmico acabou se afastando dos alunos, a ponto de muitos não saberem, hoje, quais são suas atribuições no dia a dia. Para a Chapa Aurora, esse é um ponto que precisa ser revisto. Nossa proposta é investir em uma comunicação mais ativa e acessível, além de fortalecer as relações com outras entidades estudantis que têm mobilizado fortemente os alunos, como por exemplo o Cejur ou o CAJU. Acreditamos que, para se aproximar dos estudantes, o CA precisa estar presente nos espaços em que eles já estão e dialogar de forma constante com essas iniciativas.
A escassez de espaços e eventos de integração segue como uma das principais queixas das alunas e dos alunos da EDESP. De que maneira vocês entendem que o Centro Acadêmico pode atuar para mitigar ou superar esse problema?
O Centro Acadêmico já tem atuado na promoção de eventos de integração na EDESP, com iniciativas como o Dia das Mulheres, as ações do Setembro Amarelo e o Sublepi, que demonstram um esforço contínuo de criar espaços de convivência e diálogo entre os alunos. No entanto, reconhecemos que atrair público para essas atividades tem sido um desafio recorrente, o que indica que o problema não se resume apenas à inexistência de eventos, mas também à forma como eles dialogam com a comunidade estudantil.
Diante disso, a Chapa Aurora entende como fundamental rastrear os motivos dessa baixa adesão. Nossa proposta é ouvir os alunos de forma sistemática, identificar barreiras de participação (como horários, formatos, divulgação ou interesses) e, a partir desse diagnóstico, reformular as estratégias de integração para que elas sejam mais acessíveis, atrativas e representativas da diversidade do corpo discente.
No que diz respeito aos espaços físicos, compreendemos que a escassez e as limitações dos ambientes de convivência impactam diretamente a integração cotidiana. Nesse sentido, o Centro Acadêmico pretende dialogar de forma próxima com a coordenação para pensar maneiras de melhorar e tornar mais eficientes os espaços já existentes, seja por meio de ajustes de uso, reorganização ou adequações pontuais. Paralelamente, a Chapa Aurora pretende estudar, junto à instituição, possíveis caminhos para a ampliação desses espaços, sempre considerando os limites institucionais, mas sem abrir mão de reivindicar melhores condições de convivência para os estudantes.
A FGV ainda é percebida por parte do corpo discente como um espaço pouco diverso e, em certa medida, hostil para estudantes pertencentes a grupos minoritários. A Gazeta, inclusive, recebeu relatos na última edição da Ouvidoria Vargas sobre episódios de homofobia e de assédio durante o último Churras. Como vocês avaliam que o Centro Acadêmico pode atuar para tornar a FGV e, especialmente, os eventos e festas promovidos pela entidade, ambientes mais seguros, acolhedores e respeitosos para todas e todos?
Reconhecemos que a FGV ainda é percebida por parte do corpo discente como um espaço hostil para estudantes pertencentes a grupos minoritários, percepção que se intensifica em ambientes festivos, como demonstram os relatos citados de homofobia e assédio. Diante desse cenário, a Chapa Aurora entende que o Centro Acadêmico deve desempenhar um papel fundamental na resposta a esses episódios e na sua prevenção. Para isso, propomos uma atuação integrada entre as áreas de Permanência e Recursos Humanos, estruturada em dois eixos complementares.
No primeiro eixo, voltado à prevenção, o Ponto de Apoio, sob a responsabilidade da área de Permanência, atua de forma estratégica ao reduzir vulnerabilidades e desencorajar comportamentos violentos nos eventos. Sua presença visível, bem sinalizada, acessível e operante contribui para a criação de um ambiente de maior responsabilização, desincentivando práticas hostis e situações de violência.
No segundo eixo, voltado à reação, o Ponto de Apoio mantém sua centralidade, uma vez que, mesmo com medidas preventivas, situações de violência ainda podem ocorrer. Nesse sentido, a equipe seguirá com protocolos de como agir diante de casos de violência, homofobia, assédio, racismo e intoxicação alcoólica. Reconhecemos a gravidade do problema, de modo que faremos o possível para que ele possa ter o melhor encaminhamento, a fim de oferecer suporte imediato ao estudante exposto à violência. Deve-se destacar o nosso compromisso de caminhar junto à vítima para além do ambiente festivo, assegurando que um acompanhamento cuidadoso seja realizado até a responsabilização do agressor.
Ainda no âmbito do segundo eixo, a área de Recursos Humanos buscará fortalecer um dos principais instrumentos do Centro Acadêmico, a Ouvidoria, entendida como canal central de escuta, acolhimento e encaminhamento de denúncias. Para 2026, propomos ampliar sua divulgação entre calouros e veteranos, especialmente por meio de grupos institucionais e redes sociais, além de estreitar o diálogo com coletivos estudantis como o Delta, Esperança Garcia e 20 de Novembro, de modo que situações sensíveis possam ser tratadas de forma conjunta, responsável e eficaz. Essa atuação em conjunto visa tornar os mecanismos de denúncia e responsabilização mais objetivos, integrados e acessíveis.
Assim, ao atuar nos eixos de prevenção e reação, o Centro Acadêmico poderá contribuir de maneira concreta para tornar a FGV, especialmente em seus eventos festivos, um espaço mais seguro, acolhedor e marcado pelo pertencimento.
Autoria: Erick Martins Rosario
Revisão: Ana Carolina Clauss
Imagem da capa: Chapa Aurora



